A Love Song for Bobby Long
Que será de nós quando não restarem cartas? Ficaremos ainda mais ridículos, a meio da verdade, entre o apelo de uma cidade e a invisibilidade dos mortos. Um som caindo sobre os férteis campos da palavra, um som caindo sobre nós. Quando não restarem cartas, teremos apenas o testemunho das fichas metálicas, dos números, dos códigos de barras. Toda a nossa identidade dentro de um relatório médico, como se não fossemos mais que carne e ossos. Sabemos que estamos a morrer, porque connosco estão a desaparecer as cartas. É esta a derradeira prova da nossa morte, somos cada vez mais uma vida sem capítulos.
3 Comments:
é verdade!Sabes que ando a pensar nisto há um tempo porque os únicos que me escrevem (acho que até já te tinha dito isto em relação a outro texto)...são os senhores da EDP e da camara para pagar a água...andam a arrancar árvores para me mandarem cartas que me podiam ser enviadas por mail e as cartas de amor e de amizade deixei de receber!!!
Tânia, muito obrigado pelo comentário. Tenho uma ideia desse outro comentário a que te referes.
Ainda tenho aquela expectativa de que o carteiro traga qualquer coisa de inesperado. Alguém que inscreve no papel a mensagem que não pode esperar. Mesmo que o mais que receba sejam as dicas da semana e os incontáveis catálogos de promoções no templo mais próximo.
O mais inesperado que recebi hoje foi uma agenda, talvez para me lembrar que ainda há muitos dias vazios.
Enviar um comentário
<< Home