1.1.07

A Love Song for Bobby Long

Que será de nós quando não restarem cartas? Ficaremos ainda mais ridículos, a meio da verdade, entre o apelo de uma cidade e a invisibilidade dos mortos. Um som caindo sobre os férteis campos da palavra, um som caindo sobre nós. Quando não restarem cartas, teremos apenas o testemunho das fichas metálicas, dos números, dos códigos de barras. Toda a nossa identidade dentro de um relatório médico, como se não fossemos mais que carne e ossos. Sabemos que estamos a morrer, porque connosco estão a desaparecer as cartas. É esta a derradeira prova da nossa morte, somos cada vez mais uma vida sem capítulos.

3 Comments:

At 9:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

é verdade!Sabes que ando a pensar nisto há um tempo porque os únicos que me escrevem (acho que até já te tinha dito isto em relação a outro texto)...são os senhores da EDP e da camara para pagar a água...andam a arrancar árvores para me mandarem cartas que me podiam ser enviadas por mail e as cartas de amor e de amizade deixei de receber!!!

 
At 1:56 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Tânia, muito obrigado pelo comentário. Tenho uma ideia desse outro comentário a que te referes.

 
At 4:13 da tarde, Blogger Alvaro said...

Ainda tenho aquela expectativa de que o carteiro traga qualquer coisa de inesperado. Alguém que inscreve no papel a mensagem que não pode esperar. Mesmo que o mais que receba sejam as dicas da semana e os incontáveis catálogos de promoções no templo mais próximo.
O mais inesperado que recebi hoje foi uma agenda, talvez para me lembrar que ainda há muitos dias vazios.

 

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