Sem pieguice, digo-lhe que sempre «sofri» Portugal, tanto no sentido de não suportar (como todos nós, aliás), como no sentido de o amar-sem-esperança (como disse um parnasiano qualquer: amar sem esperança é o verdadeiro amor...). Eu tive a alegria de ver poemas meus completamente desactualizados depois do 25 de Abril. Mas, afinal, não estavam nada desactualizados, não. Como se pode ver. Quer dizer - o que é um péssimo sinal relativamente à minha capacidade para vaticinar - que a realidade fez de mim, novamente, um poeta actual. Até o fantasma do tempo. Espero que isto um dia acabe e eu fique desactualizado e para todo o sempre.
Alexandre O'Neill
(entrevistado por Fernando Assis Pacheco)
JL
1982
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