O RICO CLANDESTINO
Ainda há muito pouco tempo fui aliciado para rumar directo a Angola, onde me aguardaria um trabalho muuuuuuiiiiiito bem pago, fácil, em cargo de chefia, com direito a segurança e tudo e tudo e tudo. Na minha zona há muita gente a aproveitar o forte crescimento económico que tem sido verificado nos últimos anos em Angola. Dizem que «aquilo lá é que está bom», apesar de nada haver lá além de excelentes oportunidades para ganhar muuuuuuiiiiito dinheiro. As pessoas que conheço e aproveitam vão para lá dois meses, como turistas, trabalham, ganham mais do que alguma vez ganhariam cá num ano de trabalho, regressam a Portugal para, passados mais dois meses, voltarem novamente a Angola em regime de turistas. Trabalhadores clandestinos, pois claro, mas muuuuuiiiiiiiito bem pagos. Quando fui aliciado para experiência similar, a pessoa que falou comigo disse-me que estavam incluídas nas despesas a serem pagas tudo o que eu tivesse de gastar em gasosa. Eu sorri e, na minha ingenuidade de jovem burguês, perguntei se estava a pessoa a referir-se aos custos com a gasolina. Ao que ela também sorriu - nestes assuntos somos todos sorrisos e alegria - e explicou-me o que assim vem explicado no post para onde vos envio: «O fluxo repentino de recursos tornou a corrupção endêmica. A cultura de pagar 'gasosa' (literalmente, refrigerante) para policiais e funcionários públicos está enraizada. Angola, no ano passado, foi considerada pela ONG Transparência Internacional o 34.º país mais corrupto do mundo, entre 180.» É assim mesmo, vamos para lá clandestinos mas com a certeza de que nada nos faltará para que possamos ser corruptos de primeira. Aproveitem, quem sabe daqui a uns anos não serão vocês grandes coleccionadores de arte.
1 Comments:
tenho um amigo que teve que andar a fugir ao SEF de lá. disse-me que parecia um filme. o que valeu foi a gasosa!
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