PARA O PESSOA
o cais da pedra nunca foi seguro
as nossas naus cacilheiros
nunca saíram a barra
e é mentira o mar
galgado de marinheiros
sonhos que não soubemos,
sonhar?
o destino dos portugueses (havendo)
grandeza é não serem portugueses
- é sabido
o cabo da boa esperança espera ainda
o Portugal marinheiro, o que nunca foi,
tão curvados andamos
portugal dos pequeninos
(que sede essa matada a cal?
ma espuma do mar da palha
- que é do rio?)
portugal nunca foi no mar
- de que serve erguer
velas sem vento
mercadores e sotainas remando
sim, rimando
poetas e piratas
o mundo novo? –
portugal em terra é um naufrágio
as nossas naus cacilheiros
nunca saíram a barra
e é mentira o mar
galgado de marinheiros
sonhos que não soubemos,
sonhar?
o destino dos portugueses (havendo)
grandeza é não serem portugueses
- é sabido
o cabo da boa esperança espera ainda
o Portugal marinheiro, o que nunca foi,
tão curvados andamos
portugal dos pequeninos
(que sede essa matada a cal?
ma espuma do mar da palha
- que é do rio?)
portugal nunca foi no mar
- de que serve erguer
velas sem vento
mercadores e sotainas remando
sim, rimando
poetas e piratas
o mundo novo? –
portugal em terra é um naufrágio
Jorge Fazenda Lourenço nasceu na Covilhã, em 1955. Poeta, crítico e ensaísta, obteve, em 1933, o grau de Doctor of Philosophy na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, com uma dissertação sobre a poesia de Jorge de Sena. Tem colaboração dispersa por vários jornais, revistas e volumes colectivos, portugueses e estrangeiros. Estreou-se em livro com Pedra de Afiar, publicado em 1983 na colecção Gota de Água da INCM.
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