24.12.07

Sentido algum nos permite revelar onde estamos
ou, apenas um percalço, a sensação sempre presente
de desprendimento.
Intuímos como quem segue a noite em imagens
sem nomeações ou mistérios
abandonados apenas ao desencadear de turbulências
que nos trazem alegrias, tristezas,
um ou outro odor, alguma mágoa.

Vamos confinando o dia, a noite, todo o corpo
ao olhar, à voz que nos persegue
e nunca é demais a tarde
quanto é tarde já pela manhã e melhor fora
não repartir esta luz à medida, por vezes, do ardor
e do que fica no poema
outra conjura, outro norte, a mesma voz, um outro tema?

Helga Moreira

Helga Moreira nasceu em Quadrazais, Guarda, a 29 de Abril de 1950. Publicou o primeiro livro, Cantos do Silêncio, em 1978. Tem poemas dispersos por várias publicações. O poema que aqui reproduzimos apareceu no n.º6 de Hífen – Cadernos Semestrais de Poesia. »