BOM NATAL
Robert Cenedella
Sonho com um sorriso no rosto, as fadas dos contos a abusarem do meu corpo, eu a dizer-lhes que estou frito, elas a fazerem rabanadas de mim, todos à volta de uma mesa repleta de marisco.
Sonho com uma noite destas profanada à fogueira dos créditos, sonho com humilhações embrulhadas em feitiços, uma fatia de amor mergulhada no açúcar da nossa estação moral.
Sintonizo a imaginação na frequência dos teus apelos, satisfaço-te os desejos mais secretos, afogo-me nas cretinas dos braços, amparo a infecção como quem cumpre uma ordem.
É preciso empregar a família sazonalmente, alimentá-la com o sangue bolorento das cinzas, sacudi-la como quem enxota percevejos, voltar noutro dia a ser especialmente o que os genes encerram.
Quero apenas dizer, muito superficialmente, que a poesia não mora neste Agosto abstracto, nesta neve indecifrável, mesmo que sobre o gelo indefinível patinem os ritmos da língua.
Quero apenas dizer que há muito espeto o corpo na sombra dos tristes, que fico para ali a gravar a alegria das crianças e a pensar nos tumores da rua. Saber que há esta incompatibilidade, é todos os anos a cama dos meus dias.
E dizê-lo assim muito claramente, sem metáforas pelo meio: não tem cura esta doença, para sempre fascinados com as nossas alegrias jamais pertenceremos à fome assassina dos esquecidos.
Sonho com um sorriso no rosto, as fadas dos contos a abusarem do meu corpo, eu a dizer-lhes que estou frito, elas a fazerem rabanadas de mim, todos à volta de uma mesa repleta de marisco.
Sonho com uma noite destas profanada à fogueira dos créditos, sonho com humilhações embrulhadas em feitiços, uma fatia de amor mergulhada no açúcar da nossa estação moral.
Sintonizo a imaginação na frequência dos teus apelos, satisfaço-te os desejos mais secretos, afogo-me nas cretinas dos braços, amparo a infecção como quem cumpre uma ordem.
É preciso empregar a família sazonalmente, alimentá-la com o sangue bolorento das cinzas, sacudi-la como quem enxota percevejos, voltar noutro dia a ser especialmente o que os genes encerram.
Quero apenas dizer, muito superficialmente, que a poesia não mora neste Agosto abstracto, nesta neve indecifrável, mesmo que sobre o gelo indefinível patinem os ritmos da língua.
Quero apenas dizer que há muito espeto o corpo na sombra dos tristes, que fico para ali a gravar a alegria das crianças e a pensar nos tumores da rua. Saber que há esta incompatibilidade, é todos os anos a cama dos meus dias.
E dizê-lo assim muito claramente, sem metáforas pelo meio: não tem cura esta doença, para sempre fascinados com as nossas alegrias jamais pertenceremos à fome assassina dos esquecidos.
2 Comments:
Caro Henrique, bom Natal. Para que morada lhe posso enviar o "Um Poeta a Mijar"?
António Pedro Ribeiro.
Olá APR. Manda-me um mail para universosdesfeitos@yahoo.com.br que dou-te o endereço postal. Boas festas.
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