3.1.08

passagemdeano.9

Como não gosto de passas, preferi um reviranço do zarolho por cada badalada. Como são doze, pude ainda acabar de me desenchofrar da roupa, já que fazia tenção de iniciar o ano pontualmente em pêlo.

Saio para a rua enquanto o foguetório estoura, e é quando um foguete por rebentar, perdido pelo espaço, se me atravanca ignobilmente no cu. A princípio fiquei chateado, já que apreciava bastante a virgindade do dito cu(jo), mas depois até foi bastante agradável, quando o foguete começou novamente a rabiar, ir assim propulsionado por sobre a turba acotovelada na zona ribeirinha da cidade.

É quando, aproveitando a tangente, uma pitoska se me agarra à cana da frente, a maior, e engatamos em voo colorido em direcção ao alto da festa enquanto o último fogo-de-artifício surge a iluminar a Terra. Nas alturas a pitoska perde os sapatos, a saia e a blusa, após o que, energizado pelo aparato retro-propulsor, me proponho a fazer um brinde no bolo-rei da melaurinda, que me confundira com um santo apóstolo mas estava agora sumamente optimizada para o ano novo entrar.

Como quase tudo o que sobe desce, acabamos por aterrar no rio. A pitoska não sabia nadar e faltava-nos a saia para a vela. Só tínhamos o mastro para fazer o barco e por aí ela subiu a avistar a terra. Foi quando o foguete que nos impelira a subir, num último estertor endiabrado, deu mais um chumbeira de fogo e nos lançou para a margem, onde o ano novo me esperava, que afinal era uma ana, e nova, e tudo.


Alcides

1 Comments:

At 1:24 da manhã, Anonymous Anónimo said...

ah grande alcides, barão de munchen. olha que a neve põe um homem rijo. Luis

 

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