Senhor são sufocantes os caminhos
todos e quaisquer eles sejam
e as horas tudo menos plácidas
caminhos viagens e até as carlingas
onde os pobres humanos se encerram
no duro propósito de te alcançarem
e a seguir de duas uma isto é
ou alcançam ou não alcançam
e alcançando ganham ou não
jus à tão propalada beatitude
e ganhando é mesmo só o caso
de dizer-se oh beatitude e mais
nada e então porque é sabido
também há o depois do que vem
a seguir comos era durante ele
pequenino e breve que seja
ou longo aéreo florido já que
hélas terroso ele será sempre
todos e quaisquer eles sejam
e as horas tudo menos plácidas
caminhos viagens e até as carlingas
onde os pobres humanos se encerram
no duro propósito de te alcançarem
e a seguir de duas uma isto é
ou alcançam ou não alcançam
e alcançando ganham ou não
jus à tão propalada beatitude
e ganhando é mesmo só o caso
de dizer-se oh beatitude e mais
nada e então porque é sabido
também há o depois do que vem
a seguir comos era durante ele
pequenino e breve que seja
ou longo aéreo florido já que
hélas terroso ele será sempre
Rui Caeiro, além de poeta e tradutor, é um dos responsáveis, com Vítor Silva Tavares, pelas edições &etc. Autor de vários livros de circulação mais restrita, entre os quais podemos destacar Sobre Deus, sobre o magno problema da existência de Deus (1988) ou Livro de Afectos (1992), publicou em editoras como a & etc, Averno, Livraria Artes e Letras. Traduziu obras de Rainer Maria Rilke, Robert Desnos, Nâzim Hikmet, Ramón Gómez de la Serna, Roger Martin du Gard, entre outros. O poema que aqui reproduzimos foi retirado do livro Olhar o Nada, Ver a Deus (Averno, 2003), composto e paginado por Olímpio Ferreira.
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