Dois poemas* de Rui Baião e uma foto de Paulo Nozolino
Matiné
Belfo monstro,
a bófia alucina a linha
que liga lisboa a qualquer praia.
Tranza novelo de fumo por ouro, perigos
corredores pelos telhados do cinema
do reino de deus.
Eterno horizonte, este poema
tem dot de nailon ao pescoço,
pia e bilheteira encerrada
junto à mudança de ramo
do escuro.
Os falsos transeuntes
Orégãos e suásticas,
desaire de falhados pecados. Danado,
o resumido bolor dos passageiros.
Brindemos aos percevejos, ao primeiro
dia do castigo final. Frio nu. O que é
feito da fissura das asas? Sem quereres,
os olhos são o embaraço nas máscaras
de um país sem sábados. Forquilhas,
fitas tracejadas em tanta perdição. Caixa negra
com a contorção do cisne, lá dentro.
Quero-te na noite da grande devoração;
ler-te nas mãos o herpes das palavras
onde desejes o pior mal para nós. Zebralimbo,
espirrabodes quando o furo avança e é custoso
passar pelo buraco da agulha de alguém
de costas voltadas para o patrão
dos descobrimentos.
* Selecção de Jorge Aguiar Oliveira
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