SÃO VOLTAS E VOLTAS

Afinal o Primeiro-Ministro é ou não é engenheiro? Os projectos que o Primeiro-Ministro assinou quando era engenheiro eram ou não eram da sua autoria? As denúncias do Bastonário da Ordem dos Advogados caíram em saco roto ou seguem em saco azul? Enfim, como na vida moderna o tempo acelera e eu ando sempre atrasado, lembrei-me destas e de outras coisas. Por exemplo, lembrei-me do último grande partido português do centro centrista. Recentemente, a propósito da proposta de um movimento da esperança com aspirações centro-centristas, um movimento feito por gente comum, lembrei-me desse outro partido ao centro do centro. Lembram-se do Partido Renovador Democrático? Recordo-vos: foi criado em 1985, na sombra do então Presidente da República Ramalho Eanes, por Hermínio Martinho. Este outro bom homem, talvez não tão sacro quanto o alvo Rui Marques, também dava um bom amigo de seu amigo. Nasceu em 1946, é Engenheiro Técnico Agrário, abandonou a política – era então vereador do Ambiente na Câmara Municipal de Santarém - para trabalhar na Tecnovia, uma grande empresa de obras públicas. Coincidências. Quando perdeu as eleições à Câmara Municipal de Santarém, concorrendo pelo PSD, já o PRD tinha sido adquirido por elementos do Movimento de Acção Nacional (MAN), actual Partido Nacional Renovador. É claro que Hermínio Monteiro, ao lançar-se na política, também pretendia «moralizar a vida política nacional». Está visto que não fez outra coisa. Aliás, Cavaco Silva ficou-lhe tão grato pelo facto do PRD lhe ter aberto o caminho para a primeira maioria absoluta, que acabou por convidar Hermínio Monteiro para presidir à Companhia das Lezírias entre 1991 e 1997, ano em que acabou filiado no PSD. A vida dá voltas.