Um poema* de António Cabrita e uma foto de Kate Breakey
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DELHI
(Grande Mesquita)
Não te emociona o silêncio, os seus detalhes,
o arabesco dos arcos de acesso ao mihrab,
o colorido dos turbantes, que apontam Meca;
sequer a Caligrafia onde aquele que há mil anos
cuida do gado vem rememorar o Nome.
Corsário cativo das rotas do sangue
nunca subirás lestamente as escadas
que conduzem aos Pés do Mestre.
E contudo, à revelia do teu ânimo
dissoluto, o gato de Rumi salta
entre uma e outra veia e sussurra:
«reabre o coração e verás as grainhas
do vácuo, mil olhos cravejados de Céu».
*Selecção de Jorge Aguiar Oliveira
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