um amigo
chora no ombro onde pousa
o amigo é um violino
estimado, obstinado
mesmo se dorme ao colo aberto de pau santo
de alfinete paciente e carinho antigo
o virtuoso ausente
omnipresente como um príncipe
e prenhe do murro seco
no estômago do mundo
o amigo é um chicote de raios de sol
para sacudir e arejar o pólen ao corpo indefeso
ao coração inocente e sábio
e ao suor da planície
é um homem à rasca pelo que fez por nós
mas não disse, não disse
Joaquim Castro Caldas nasceu em Lisboa em 1956. Actor, boémio, poeta, diseur conhecido pela dinamização das segundas-feiras de poesia no Pinguim Café, no Porto, publicou livros de poesia tais como Português suave (1978), Convém avisar os ingleses (2002) e Mágoa das Pedras (2008).
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