NÚMEROS
Este texto da Fernanda Câncio é muito interessante, assim como os comentários subsequentes. A ideia do texto não é nova: os números, as estatísticas, as percentagens são o que quisermos fazer deles. A conclusão é básica: «Parece que a democracia, afinal, serve para alguma coisa - e que um país é tanto mais pobre quanto o quisermos pobre». Os comentários de tom elogioso não são menos curiosos, podendo resumir-se a isto: «Não vejo em Portugal mais miséria que em qualquer outro país europeu». É provável que tudo isto esteja certo, que ninguém precise de abrir os olhos ou marcar consulta no oftalmologista, mas não sei se não estarão igualmente certos os estudos que apontam Portugal como o país da UE onde o nível de escolaridade da população é mais baixo, um país ainda com 9% de analfabetos, onde os administradores ganham, em média, 32 vezes mais do que os trabalhadores das empresas que gerem, um país onde a justiça só é célere com quem não dispõe de meios para se defender, um país onde as dívidas das famílias superam em 29% os rendimentos. Não duvido que não sejamos um país de pobres materiais. A lotação esgotada no Rock In Rio não quer dizer nada, mas indica qualquer coisa. Talvez sejamos apenas pobres de espírito, amorfos, entretidos. E, como tal, pouco exigentes e facilmente consoláveis.
2 Comments:
e a selecção ainda não começou a jogar.
Ainda não és sócio?
Nem sabia que a selecção tem sócios.
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