MORRO E DESISTO. DESISTIR NÃO É A MELHOR FORMA DE NOS COMPADECERMOS?
Se pudesse levava-te no meu bolso, junto ao coração da ilha onde te habitei por um minuto longo. E copulava contigo como um mar de algas copula com os duendes das florestas que costumas imaginar. E vivia na tua imensa loucura na brevidade daquela paz que sabes devolver. E reunia os meus dedos todos, sete, mais sete, mais sete, mais, e colocava-os nos teus cabelos a fim de se tornarem fortes, prenhes, erectos. E depois havia de te cobrir de desejos, de várias cores, azuis, amarelos, vermelhos. E jogava aos berlindes, contigo. E a felicidade, de tão pálida, haveria de se envergonhar de não saber ser gente.
Cecília Barreira nasceu em Lisboa em 1957. Professora de Cultura Contemporânea na Universidade Nova de Lisboa, publicou diversos ensaios e livros de poesia. Neste domínio, estreou-se em 1984 com Lua Lenta. Seguiram-se A Sul da Memória (1987), Memórias de uma Deusa do Mar (1995), 15 anos de Alguma Poesia (1999), 7&10 (2003) e Cartas BD (2005). »
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