PROSTITUTAS ÍNDIAS
Guarda-sóis verdes tornam as mulheres em folhas.
O betão onde andam guarda um rastro
De sombra perfumada. Entre os peitos
Trazem sacos de moedas.
Ódio à asa de ave e à sua sombra,
flecha no ar, arqueiro
e o sol. Amar o céu
abandonado: azul que leva histórias como pó
e arrasta folhas como estas mulheres índias.
Podiam encarnar as estátuas castanhas
enterradas em verde. À luz da neve os seus ancestros
beberam sangue com as águias da sierra,
rudemente decoraram o coração de cactos
e homens. Estas são suas filhas inocentes.
Falta de bailadeiras na última cinza. Nunca
recordaram e nunca dormem sós. Uma nova página,
sorrisos em verde, e cânhamo aninha onde herdeiros
nascem sem o mínimo fogo.
Tradução de Manuel de Seabra.
Michael Schmidt nasceu no México a 2 de Março de 1947. Estudou em Harvard e Oxford, antes de se fixar em Inglaterra. Fundador da Carcanet Press, foi também editor da Poetry Nation Review durante trinta anos. É professor de Poesia na Universidade de Glasgow. A sua primeira colecção de poemas, Black Buildings, foi publicada em 1969. Organizou vários volumes críticos sobre poesia, assim como uma História da Poesia. Em 2006 recebeu um OBE (Order of the British Empire) por “services to poetry”.
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