30.11.06

O drama do psicólogo

Não é possível que alguém compreenda o que se passa dentro de nós se não estivermos dispostos a permitir que esse alguém entre dentro de nós. Mas mesmo entrando, mesmo sendo isso possível, a única coisa que pode acontecer é esse alguém ficar muito confuso, pois nem nós mesmos compreendemos o que se passa dentro de nós. No fundo, todas as pessoas tentam compreender o que são, mesmo quando, supostamente, exercitam o ofício de compreender os outros.

4 Comments:

At 11:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

e não negando (não completamente), antes acrescentando... até porque se calhar reconhecemo-nos sempre em 'alguéns'...
ou por vezes, é mais simples alguém, fora de nós mesmos, ver. Ver o que nos é comum a tantos outros.

 
At 10:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Mas quem está de fora vê o que quer, como quer, em função do que ela própria é. Quem está de fora constrói uma imagem do outro, uma representação. Mera representação.

 
At 7:32 da tarde, Anonymous Anónimo said...

e nós próprios também não?
a nossa própria imagem não é também construída por aquelas que os outros têm de nós?
se fossemos sós no mundo, se não houvesse mais ninguém que nós mesmos, como seria? que auto-imagem teríamos?
e quantas vezes o que sentimos não são 'representações', construções que fazemos para nós mesmos nos tentarmos perceber e darmo-nos aos outros...?! para ser?

Mas tem razão Henrique, são somente palavras (imagens) para enganarmos a inevitável e interior solidão.

 
At 12:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É precisamente aí que quero chegar. Vivemos de representações, vivemos de nos construirmos. Daí que no post tenha feito esta ressalva: «nem nós mesmos compreendemos o que se passa dentro de nós». O pouco que podemos saber de nós, julgo, será sempre uma tentativa de construção de um papel, variável com o tempo, com as vivências. Julgo que nos vamos conhecendo à medida que nos vamos experimentando, sempre em relação com o outro – como é óbvio – como se o outro fosse um espelho onde vamos encontrando o que somos, o que não somos, o que queremos ser, o que não queremos ser…

 

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