26.12.07

SUPER TARANTA!


Tanta conversa com os Interpol, para agora não ver Our Love To Admire listado nos best of 2007. Repetem-se In Rainbows, dos Radiohead, Neon Bible, dos The Arcade Fire, Kala, de M.I.A., Sound of Silver, dos LCD Soundsystem, Person Pitch, de Panda Bear, Boxer, dos The National e 23, dos Blonde Redhead. Menções a Robert Wyatt e Amy Winehouse eram previstas, assim como, de certa forma, ao álbum The Shepherd’s Dog, de Iron & Wine. Menos óbvia, pelo menos para mim, é a presença de Robert Plant and Alison Krauss, com Raising Sand, em tantas dessas listas de final de ano. E não esperava mesmo nada que Myths of The Near Future, dos Klaxons, aparecesse apenas referido nos tops 10 do NME (em 1.º), do The Guardian (em 5.º) e da Uncut (em 10.º). É um disco forte de todos os pontos de vista, pelo que se estranha tamanha descrença. Mais que óbvio era que o meu disco do ano não aparecesse em nenhuma lista, fosse esquecido, preterido, negligenciado. Era mais que óbvio. Ainda assim, é o meu disco do ano. Chama-se Super Taranta! e assina Gogol Bordello, projecto do ucraniano Eugene Hütz (andou fugido pela Polónia, pela Hungria, pela Áustria e pela Itália até assentar praça em Nova Iorque). Trata-se de uma música ao mesmo tempo divertida e de pendor intervencionista, no sentido político do termo. Agrada-me sobremaneira, nestes áridos tempos de globalização, o cosmopolitismo dos Gogol Bordello, com raízes no cabaré, na festa cigana e… no punk. Projectos como este ou como os de Manu Chao podem, de alguma maneira, revitalizar a chamada música de intervenção, aqui elevada pelo sentido de humor, pelo sarcasmo e pela ironia de quem a pratica. De certa forma, os The Pogues e os Violent Femmes e, porque não, Frank Zappa, haviam realizado o mesmo em contextos estéticos e espaciotemporais diversos. Com os Gogol Bordello, ao quarto álbum, o que acontece é as fronteiras serem aniquiladas, as culturas fundem-se, os ritmos voltam a dar sentido e sensação à palavra revolta. Sendo assim, contra as cançonetas neo-deprimentes dos urbano-depressivos, contra o pseudo-experimentalismo da pop mais elástica, proponho a gargalhada estridente e revolucionária dos Gogol Bordello.

5 Comments:

At 4:53 da tarde, Blogger Fernando Dinis said...

O Super Taranta tornou o meu verão mais feliz, este ano!
é do Catano!

 
At 1:46 da manhã, Blogger hmbf said...

É mesmo.

 
At 11:46 da tarde, Blogger Unknown said...

Já agora podes ver a entrevista feita pelo Luis Rei a ele em Sines e que eu filmei e editei :

http://www.youtube.com/watch?v=RC68GW8f0Ik

 
At 12:00 da manhã, Blogger hmbf said...

já vi, está muito porreira

 
At 3:08 da tarde, Blogger JMS said...

Muito bom. Não conhecia.

 

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