COM DEDAL, AGULHAS, PANO CRU
Com dedal, agulhas, pano cru
já me urdiam o signo.
Desse velado feito de colossos,
eis o indício, no tempo,
alarmando a casa toda:
um dedo que o sangue perla.
Ainda têm o fio da meada;
eu apuro o da navalha.
já me urdiam o signo.
Desse velado feito de colossos,
eis o indício, no tempo,
alarmando a casa toda:
um dedo que o sangue perla.
Ainda têm o fio da meada;
eu apuro o da navalha.
Sebastião Alba, pseudónimo de Dinis Albano Carneiro Gonçalves, nasceu no dia 11 de Março de 1940. Aos nove anos foi com a família para Moçambique. Em 1961 desertou do Contingente Geral, onde fora arregimentado. Acusado de extravio de objectos militares, foi condenado a quinze meses de reclusão por um Tribunal Militar. Em 1965 publicou o seu primeiro livro: Poesias. Exerceu jornalismo e casou. Entre 1975 e 1977 foi nomeado pela FRELIMO Administrador da Província da Zambézia, leccionou Economia Política e fixou-se em Maputo. Em 1983 abandonou Moçambique e fixou-se em Braga, com a mulher e duas filhas. Em 1988, foi alvo de várias tentativas de desintoxicação na Casa de São João de Deus. Já separado, refugiou-se no álcool e tornou-se andarilho. Em 1997, já depois de ver a sua obra reunida sob o título A Noite Dividida, ganhou o Grande Prémio de Poesia – Imobiliária Teixeira & Filhos, de Braga. Morreu a 14 de Outubro de 2000, vítima de atropelamento.
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