20.8.05

Fragmento # 7 - Tango

Tu estavas de partida, meu amor, só agora entendo porque te anunciaste o coração, antes de mergulhares na noite. Para sempre. Para sempre no mar vento que oiço ao longe. Quero ouvir. O mar que vimos ao longe, era o meu mar coração. No coração da noite te segui, gritaste que fui eu que te fiz perder. Paraste, avançando em direcção ao local escolhido para o nosso encontro, apenas quando à distância ficaste na chuva da noite. Aproximámo-nos, então, envolveste-me suavemente nos teus passos dos nossos passos. Sincronizamos. As pedras molhadas na calçada. Perdemo-nos a deambular nas ruas estreitas da cidade a chover, para perder o teu corpo e o meu continua com os pés aqui. O meu corpo nos teus braços sentiu o teu gosto, ar dos nossos pulmões. Lentamente. Reconhecemos onde estávamos, deste-me a tua mão quando paraste avançando. Aqui tens a minha mão, como várias vezes me pediste na nossa noite. A primeira vez que disseste casa, respondi-te refúgio contigo talvez e mais uma vez agarraste a minha mão, em casa na tua. Querias que fosse para sempre, mas respondi-te que era um romance já escrito, porque tenho os pés no chão. Os pés no chão é uma bela metáfora, como me mostraste e a água corre na água que corre no teu mundo. Os meus pés continuam aqui e a água corre na água que corre na terra onde estou. Onde estou eu que tu não estás?

Tu estavas de partida, meu amor e só agora entendo porque te anunciaste o coração, antes de mergulhares na noite, para sempre.
Maria João