4.10.05

11 anos

O Estado exige que nós expliquemos aos meninos “a construção do mundo contemporâneo”, mas os meninos não sabem o que significa “contemporâneo”. Até têm alguma razão no assunto. A minha dificuldade com o conceito é logo o primeiro obstáculo. Não vale a pena desesperar. Ao vermos um documentário sinto-os muito espantados com a história das colónias. Paro o DVD e pergunto: há aqui alguém que não saiba o que é uma colónia? Ninguém sabia, mas uma alma caridosa lá se aventurou numa resposta: «Então, não é assim como quando a gente diz que a colónia vai de férias?» Eu não resisti e perguntei à alma caridosa: «Diga-me lá há quantos anos anda na escola?» Do fundo da minha incredulidade: 11 anos. Meus amigos, como vos dizia: já nada me espanta.

4 Comments:

At 6:29 da tarde, Blogger Sérgio Lavos said...

Estas histórias da escola são verdadeiras histórias de terror. Várias perguntas: é de agora, o problema? E se é, o que aconteceu, e o que se pode fazer para mudar? Não haverá uma relação entre á mediocridade do país onde vivemos e esta ignorância aterradora dos alunos do secundário?

 
At 2:05 da manhã, Blogger MJLF said...

A ausencia de educação é um problema antigo aqui em Portugal! Vejam, a ideia da democratização do ensino nasceu na revolução francesa, no nosso pais começou com as reformas do ensino nos anos 60, no séc. xx efectuadas por Veiga Simão, cerca de 200 anos mais tarde. Para não falar do norte da europa, onde tudo começou muito mais cedo. A alfabetização das populações nos paises protestantes teve inicio na reforma, devido ao retorno à leitura dos textos sagrados e a procura de uma relação mais directa e individual com deus que a religião protestante implicava- que levou ao desenvolvimento da responsabilidade individual, coisa pouco presente nos paises católicos, onde impera a corrupção. Por aqui, na altura da contra-reforma existia a ignorancia do povo, o poder da inquisição e letrados sempre foram poucos.Não mudou muito desde então. Ainda existe muito para fazer, é cansativo, mas há ainda muita pedra para partir...

 
At 10:22 da manhã, Blogger Amélia said...

mau é quando deixamos de nos espantar...recomendo muito o livro de georges Steiner e Cecile Ladjali,Elogio da transmissão –O professor e o aluno –Dom Quixote, Lisboa, 2004 - para além de outros que vão mais ou menos na mesma direcção, de Allan Bloom,Philip Roth (este não é propriamente pedagogo) e de um artigo de Gabriel Perissé in In http://www.hottopos.com/mirand6/o_problema_da_leitura_e_a_leitur.htm

Bom Dia Mundial dos professores!

 
At 2:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

as duas primeiras perguntas do sergio,sim senhor!quanto a outra:nao havera uma relacao entre as nuvens e a chuva?mui interessante mesmo esse texto etanol!

 

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