Em torno de um título
de Maria Archer
Devia haver uma lei
um qualquer decreto ou norma
que nos impedisse o rigor dos afectos
o cataclismo dos desejos
Devia haver um céu
com nuvens de arame-farpado
onde estiletes vigilantes
pronto trespassassem
todo o peito que o sonho insiste
Talvez – quem sabe? – até
se pudesse criar uma ilha
cercada de vidros e circuitos eléctricos
para onde se desterravam
os obstinados das paixões
os insurrectos da fantasia
Devia era haver qualquer coisa
contra esta tortura de ouro e maravilha
que nas margens do tempo insiste
e em barcos que ninguém vê
aos poucos nos desencaminha
de Maria Archer
Devia haver uma lei
um qualquer decreto ou norma
que nos impedisse o rigor dos afectos
o cataclismo dos desejos
Devia haver um céu
com nuvens de arame-farpado
onde estiletes vigilantes
pronto trespassassem
todo o peito que o sonho insiste
Talvez – quem sabe? – até
se pudesse criar uma ilha
cercada de vidros e circuitos eléctricos
para onde se desterravam
os obstinados das paixões
os insurrectos da fantasia
Devia era haver qualquer coisa
contra esta tortura de ouro e maravilha
que nas margens do tempo insiste
e em barcos que ninguém vê
aos poucos nos desencaminha
Victor Oliveira Mateus nasceu em Lisboa, cidade onde exerce a profissão de docente de Filosofia. Licenciado pela Universidade Clássica, publicou o seu primeiro livro de poesia, Nas Águas a Luz Suspensa, em 1998. Seguiram-se Movimento de Ninguém (1999), A Noite e a Voz (2001) e Pelo Deserto as Minhas Mãos (2004). Tradutor de Safo e de S. João da Cruz, é ainda autor de uma novela intitulada Quando Voltares. Tem poesia sua espalhada por diversas antologias e revistas literárias.
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