2.1.06

limpeza a seco (revisto)

Saquei da depressão e disparei-lhe uma olheira no chinguiço. Ela, que não ia de modas, mandou-me à melancolia. Mas eu sou insistente que nem o salmão: puxei dum truque que trazia escondido debaixo da manga. Carta batida não é recolhida, she said. Conchos! Vou pôr-te a rir às despregas e depois a ver se não me amas. Toma lá com a ironia do poema, com o bafejo quotidiano, toma lá com o sarcasmo puxado à garanta, toma lá com o esófago da sátira… Olha linda, fiz o que pude. Quando quiseres de mim um pouco, calcorreia os areais antigos. Estarei ao pé da bola nívea, cortado em miudinhos numa lata de atum, infestado de micoses em latrinas de Bacela. Vem e lava-ma a roupa suja, limpa-me a seco. Porei a barriga para fora da cintura a esturrar ao sol, chincharravelhos veraneantes. O Verão está quase a chegar, qu’ inda agora o Inverno nos bateu à porta.