INCOMODIDADE
A ideia permanece lâmpada sobre a areia
e o sacrifício se transforma
numa voz que sangra
antes vegetal, depois sibilina.
É um músculo íntimo
coxa branca entre as urtigas recolhida,
ditirambo da inocência antiga.
É um gesto que se repete de pedra
um grito na candura
que sulca o astro
de segredos imovíveis
quais são as crispadas consciências imaginárias
que geram as grandes decisões.
Batem as ondas mas não se distingue
o fluxo das marés,
todo o caminho trágico
por onde carreamos os passos
da incomodidade
que na cidade plantamos.
e o sacrifício se transforma
numa voz que sangra
antes vegetal, depois sibilina.
É um músculo íntimo
coxa branca entre as urtigas recolhida,
ditirambo da inocência antiga.
É um gesto que se repete de pedra
um grito na candura
que sulca o astro
de segredos imovíveis
quais são as crispadas consciências imaginárias
que geram as grandes decisões.
Batem as ondas mas não se distingue
o fluxo das marés,
todo o caminho trágico
por onde carreamos os passos
da incomodidade
que na cidade plantamos.
Fernando Alves dos Santos nasceu em Lisboa no ano de 1928. Deixou-nos uma obra poética da qual foram apenas publicados dois livros: Diário Flagrante, Lisboa, 1954, e Textos Poéticos, Lisboa, 1957, mais alguns poemas dispersos por antologias, catálogos e revistas, ficando inéditos vários outros poemas e um livro — De Palavra a Palavra — que estava pronto para a sua publicação em 1985. Acerca de Fernando Alves dos Santos, pouca coisa ficou a saber-se: dedicou-se sobretudo à actividade teatral e participou nalguns dos episódios da aventura surrealista, nos seus primeiros momentos de afirmação e intervenção polémica, assim como nalgumas das exposições que, posteriormente, tentariam recuperar momentos ou aspectos particulares daquela intervenção. A Assírio Alvim reuniu-lhe a obra poética sob o título Diário Flagrante, publicada em Março de 2005. Fernando Alves dos Santos faleceu em Albufeira, no ano de 1992.
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