PLUMAS
Através da terra o amor
torna-nos estranhos à terra
liga-nos a uma divina linhagem
com seu tormento inapagável
suas velocidades enormes
O amor vive na ponta dos cabelos
O amor, ditam os frios de coração, é ruinoso
qualquer momento em chamas
denunciará a imprecisa inquietação que nos toma
Os inocentes que se amam dizem
teu corpo está a nevar
tua alma é uma flor
um prado tranquilo sua noite
Os inocentes que se amam
por seu tormento elevam-se
como plumas
num chapéu de passeio
torna-nos estranhos à terra
liga-nos a uma divina linhagem
com seu tormento inapagável
suas velocidades enormes
O amor vive na ponta dos cabelos
O amor, ditam os frios de coração, é ruinoso
qualquer momento em chamas
denunciará a imprecisa inquietação que nos toma
Os inocentes que se amam dizem
teu corpo está a nevar
tua alma é uma flor
um prado tranquilo sua noite
Os inocentes que se amam
por seu tormento elevam-se
como plumas
num chapéu de passeio
José Tolentino Mendonça nasceu no Machico, ilha da Madeira, em 1965. Estreou-se na poesia com o livro Os Dias Contados, publicado em 1990, ao qual se seguiram outros como por exemplo Longe Não Sabia (Presença, 1997) e o mais recente A Estrada Branca (Assírio & Alvim, 2005). Para além de livros de poemas e do ensaio As Estratégias do Desejo: Um Discurso Bíblico sobre a Sexualidade, de 1994, é igualmente autor de uma tradução do Cântico dos Cânticos (1997) e de peças teatrais, das quais é exemplo Perdoar Helena, levada à cena pelos Artistas Unidos. José Tolentino Mendonça é padre, licenciado em Teologia e Mestre em Ciências Bíblicas.
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