POLAROID
Pela tarde o céu a terra
e mesmo tu formam uma densa pasta
de nuvens.
Recordo a tua boca, as tuas pernas
em arco sobre o penedo quente.
Os poços entram em colapso,
o verão arrasta multidões
para as ravinas do lugar comum.
O chapéu descaído
protege-te os olhos
que se movem com translúcido torpor.
Agora que passaram séculos
sobre esse único beijo estou
sem vontade de fingir
a relutância
do meu desejo. Esta polaroid, já seca,
encena também a minha morte.
e mesmo tu formam uma densa pasta
de nuvens.
Recordo a tua boca, as tuas pernas
em arco sobre o penedo quente.
Os poços entram em colapso,
o verão arrasta multidões
para as ravinas do lugar comum.
O chapéu descaído
protege-te os olhos
que se movem com translúcido torpor.
Agora que passaram séculos
sobre esse único beijo estou
sem vontade de fingir
a relutância
do meu desejo. Esta polaroid, já seca,
encena também a minha morte.
Fernando Luís Sampaio nasceu em Moçambique em 1960. Viveu e estudou em Viseu, cidade onde terminou o liceu e se iniciou na escrita. Em 1981 recebeu o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro Conspirador Celeste (Publicações D. Quixote). Publicou, ainda, Sólon (IN-Casa da Moeda), Hotel Pimodan (Frenesi) e Escadas de Incêndio (Quetzal). Está representado em várias antologias e traduzido em francês, espanhol, italiano, inglês e croata. Foi director do Festival Mergulho no Futuro, na Expo' 98, e actualmente é director do IPAE.»
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