Alguém pensa que é sorte ter nascido?
Apresso-me a informar esse homem ou essa mulher que é igual sorte viver ou morrer, eu sei.
Morro com aquele que vai morrer e nasço com aquele que está a nascer, não estou contido entre o meu chapéu e as minhas botas,
E examino os mais variados objectos, nenhum igual ao outro e todos bons,
Boa a Terra e boas as estrelas e bons os seus complementos.
Eu não sou um mundo nem o complemento de um mundo,
Sou o camarada e o companheiro das pessoas, todas tão imortais e insondáveis como eu próprio,
(Elas nem sabem como são imortais, mas eu sei.)
Cada espécie para si própria, para a minha o macho e a fêmea,
Para mim os que foram rapazes e amam as mulheres,
Para mim o homem altivo que sente a dor do desdém,
Para mim a bem-amada e a solteirona, para mim as mães e as mães e as mães das mães,
Para mim os lábios que sorriam, os olhos que derramaram lágrimas,
Para mim as crianças e aqueles que as procriam.
Despe-te! para mim não és culpado, nem decrépito, nem banido,
Vejo-te através do pano fino ou do algodão,
E aproximo-me, tenaz, ávido, incansável e ninguém pode afastar-me de si.
Tradução de José Agostinho Baptista.
Apresso-me a informar esse homem ou essa mulher que é igual sorte viver ou morrer, eu sei.
Morro com aquele que vai morrer e nasço com aquele que está a nascer, não estou contido entre o meu chapéu e as minhas botas,
E examino os mais variados objectos, nenhum igual ao outro e todos bons,
Boa a Terra e boas as estrelas e bons os seus complementos.
Eu não sou um mundo nem o complemento de um mundo,
Sou o camarada e o companheiro das pessoas, todas tão imortais e insondáveis como eu próprio,
(Elas nem sabem como são imortais, mas eu sei.)
Cada espécie para si própria, para a minha o macho e a fêmea,
Para mim os que foram rapazes e amam as mulheres,
Para mim o homem altivo que sente a dor do desdém,
Para mim a bem-amada e a solteirona, para mim as mães e as mães e as mães das mães,
Para mim os lábios que sorriam, os olhos que derramaram lágrimas,
Para mim as crianças e aqueles que as procriam.
Despe-te! para mim não és culpado, nem decrépito, nem banido,
Vejo-te através do pano fino ou do algodão,
E aproximo-me, tenaz, ávido, incansável e ninguém pode afastar-me de si.
Tradução de José Agostinho Baptista.
Walt Whitman nasceu a 31 de Maio de 1819 em Long Island. Frequentou a escola oficial e foi aprendiz numa tipografia, tendo mais tarde trabalhado como impressor em Nova Iorque. Foi editor do semanário Long Island, em Huntington, entre 1938 e 1939. Editou vários jornais e foi professor em várias escolas. Entre 1950 e 1954 montou uma tipografia e uma papelaria em Brooklyn, dedicando-se também à especulação em bens imobiliários. No princípio de Julho de 1855 publicou a primeira edição de Leaves of Grass. Seguiram-se várias edições acrescentadas da mesma obra, um período de boémia e, durante a Guerra Civil, serviços como enfermeiro voluntário nos hospitais militares. Entretanto continuaram sendo publicadas várias versões revistas, acrescentadas, cortadas, emendadas, de Leaves of Grass. Em 1873 fica parcialmente paralisado. Ainda assim, viaja pelo país proferindo inúmeras conferências. Em Julho de 1885 sofre uma insolação, seguida de novo ataque de paralisia em 1888. Whitman morre no dia 26 de Março de 1889.
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