8.2.06

Quais serão eles?

As pessoas perguntam sempre: Quais os livros da tua vida? Quais os poetas da tua vida? Quais os filmes da tua vida? Há outras alternativas a esta questão que me parecem bem mais interessantes. Desde logo, eu que sou de ter vidas e não apenas vida, preferiria que me interpelassem acerca dos livros das minhas vidas. Ou então, bem mais pertinente julgaria ser a questão sobre os filmes da nossa morte. Isso é que é pergunta a tomar a sério. Porque um livro, um filme, uma canção, uma obra de arte, seja ela qual for, é sempre mais da nossa morte do que da nossa vida. A vida é o que vai passando. O que vai passando, passa. Não fica. Eu quero saber é dos livros que levarei comigo para o inferno. Os outros, são-me pouco mais que indiferentes. Há ainda outra alternativa, talvez menos praticada por razões de índole cultural que não importa aqui reflectir. Refiro-me aos livros, aos poetas, aos filmes e por aí adiante da nossa angústia, da nossa raiva, do nosso ódio, da nossa ira, da nossa gargalhada, da nossa lágrima, do nosso enfado. Por exemplo, em vez de me perguntarem, pela positiva, quais os livros que eu mais gostei de ler, acharia mais interessante se me questionassem sobre quais os que menos gostei de ler. Aqueles de que gostámos são quase sempre os mesmos: A Divina Comédia, D. Quixote de La Mancha, Odisseia, Fausto, Paraíso Perdido, entre outros, mais clássicos, menos clássicos. Mas e aqueles de que não gostámos? Quais serão eles? Quais os livros que nos provocaram náuseas, vómitos, tédio, nojo, indiferença, desinteresse, repugnância, repulsa, etc?

8 Comments:

At 7:04 da tarde, Blogger MJLF said...

A Florbela Espanca deprime-me e o Herberto Helder, quando o lia, ficava mal disposta.

 
At 9:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Podias ter metido aí Camões, el príncipe de los poetas. As Rimas ou os Lusíadas.

Outra coisa, ando há meses à procura de um restaurante indiano na tua cidade, no seu perímetro urbano. Sabes onde fica? Devia escrever-te um email, eu sei, mas estou com uma preguiça danada.

Gostei do teu poema acima. Abraço.

 
At 11:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bem gostava de poder elaborar uma lista de livros que me provocaram "náuseas, vómitos, tédio, nojo, indiferença, desinteresse, repugnância, repulsa", mas a verdade é que quando deparo com tais especimens, raramento passo das primeiras páginas. Não posso, em rigor, dizer que os li. Mas o livro mais enfadonho que li no ano passado foi "Orbe" de P. Teixeira. Um longo, vácuo e pretensioso exercício de poesia cultural e pseudo-metafísica.
JMS

 
At 12:27 da manhã, Anonymous Anónimo said...

:)
estou com o JMS se não gosto nao leio. Não sou suficientemente disciplinada... o único livro que li que posso por na lista foi "As valquirias" do Paulo Coelho- para mim, um verdadeiro exercício de teimosia.

Aurora

 
At 1:45 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Eu não consegui passar da pág 20 de «a balada da praia dos cães». Ganhei tal fobia ao José Cardoso Pires que nunca mais li nada dele.

A «jangada de pedra» foi outro suplício. Não cheguei sequer a meio. Um dia apanhei o comboio e reparei que me esquecera do livro no banco da gare. Felizmente, nunca mais o vi.

 
At 10:09 da manhã, Anonymous Anónimo said...

mb, esse restaurante deve ser o do Narana Coissoró. Vou já avisando que o serviço não justifica o preço (fui lá duas vezes há já algum tempo). Mas o espaço é muito agradável. O restaurante chama-se Monte Horeb. O melhor, para chegares lá, é apanhares a estrada velha da Foz. Há muitas indicações para o restaurante nessa estrada. Ou então, subires pela estrada do Solar da Paz (julgo que saibas onde é), uma discoteca virada para a lagoa.

 
At 10:13 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Cá vai, então. De poesia, o livro que mais me custou ler até agora (tenho o terrível hábito de os ler todos do princípio ao fim, mesmo que me estejam a chatear) foi o Tábua das Matérias, de Pedro Tamen. De ficção, vem-me logo à memória O Monte dos Vendavais, de Emily Brönte. E na filosofia, tudo o que li de Karl-Otto Apel deu-me uma trabalheira danada.

 
At 1:36 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É um que dizem na cidade. Esse do Narana felizmente estava fechado. Ao menos o tipo é coerente :) Enfim tenho de ir a Calcutá. Obrigado. Ah, e o pior livro que não li foi Maktub do industrial brasileiro Paulo Coelho. Não consegui - literalmente - passar da 1.ª página.

 

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