10.5.06

POEMA SEM VERBOS

Manhã azul cinzenta, levemente baça,
de Primavera.
As mimosas suspensas – amarelos ausentes.
Flores tímidas, promessas de arco-íris.
Pássaros silenciosos, simples traços de carvão,
asas de papel.

Crianças. Muitas crianças. Sorrisos, claro.
Não sorrisos claros – nem sequer em fuga.
Sorrisos de estátua nos meus olhos. Só nos meus olhos.

Olhos sem vento sem sol sem sonhos sem beijos.

Poema sem verbos – morto.

Sandra Costa

Sandra Costa nasceu em S. Mamede de Coronado, concelho da Trofa, em 1971. Licenciada em História, é professora do ensino básico e secundário. O seu primeiro livro, publicado em 2002, foi Sob a luz do mar, Campo das Letras. Seguiram-se Nada se sabe das profundezas, In-libris, 2003 e Nenhuma Flor. Oito imagens e o dizer dos lábios, Belgais e In-libris, 2004. Está representada em algumas antologias.

2 Comments:

At 11:17 da tarde, Blogger sandra costa said...

Bem me parecia que conhecia isto de qualquer lado (pensou ela quando leu o título do poema).

(para além do mais, recorda-se perfeitamente do local e das circunstâncias que provocaram o poema) Como o tempo passa. E não passa.

 
At 3:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Boa Sandra.

 

Enviar um comentário

<< Home