George por Mexia
Excelente texto de Pedro Mexia, na edição desta semana do 6.ª (Diário de Notícias), sobre Não é fácil dizer bem, de João Pedro George. Aproveito para confessar que Pedro Mexia é dos poucos críticos literários portugueses, seja lá o que isso for, que leio sempre com imenso prazer. Do texto em causa, destaco as seguintes passagens: «O estilo vigoroso de George tem suscitado reacções excessivas: os visados e outros membros do clube das letras, incomodados, recorrem ao ataque pessoal ou mesmo ao insulto; os medíocres e os ressentidos, por seu lado, elegem George como seu cruzado na demolição da actual literatura portuguesa, essa coisa infecta. (…) João Pedro George é perspicaz nas considerações sobre a recepção dos textos e as engrenagens literárias; é minucioso na sua close reading linha a linha; mas no meio disto perde-se muitas vezes a visão de conjunto de um livro, as suas ideias, o seu tom ou intenção. (…) Claro que a leitura sublinhada dos textos é muito acutilante, uma vez que detecta e desmonta banalidades, clichés, desleixos, pretensiosismos e sentimentalices. Mas o entendimento de George sobre enredo ou estilo ou clareza ou autobiografismo vigiado é essencialmente um elemento de gosto que devia sempre ser assumido como tal; acontece que George, quando se sente acossado, não resiste a procurar refúgio numa suposta cientificidade que contraria o seu credo (…). Nestes textos de crítica literária de João Pedro George há quase sempre notas pessoais (ex: um saldo do Multibanco dentro de um livro em análise) e uma linguagem coloquial ou castiça (“com mil buzinas”, “apanhar bonés”, “macacos me mordam”, “pessegada”). Isto acontece porque George se aproxima muitas vezes da crónica, mesmo quando escreve crítica. (…) Já as ficções do último terço do livro ou são maus textos que George não sabe que são maus textos, ou então estão lá como simples pretexto para a criação do heterónimo “Rui Falcão”, um leitor imaginário que funciona como auto-crítica por interposta personagem ou como guerra preventiva contra as objecções inevitáveis ao “caso mental” João Pedro George.» Para ler na íntegra.
1 Comments:
Subscrevo a crítica do Pedro Mexia. Acho que o JPG de vez em quando acerta, mas tem dificuldades em adoptar a atitude e o tom certos. Talvez não seja por acaso que um dos textos do George de que gostei foi sobre uma narrativa que ele admira e eu também: «A Metamorfose» de Kafka.
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