O CORPO
Olhai-nos com clemência, escutai nossas súplicas.
Ao sol e na pobreza nos conhecemos.
De que serve ao homem ganhar tantas batalhas,
se ao fim perde a sua contra a solidão.
Clamamos a injustiça, o opróbrio certo
sobre as nossas fronteiras: as fronteiras da alma,
cercadas pelo medo ao desconhecido.
Para que porto obscuro navega a memória
poderosa do ódio, apodrece a esperança.
De que serve ao homem destruir-se a si mesmo,
afundar-se, naufragar, no mar das suas noites,
dócil à ondulação. Olhai-nos com clemência.
Na espada e na morte nos conhecemos.
Livrai-nos dos antigos monstros da ira,
dos lábios furiosos dos nossos corações.
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães.
Ao sol e na pobreza nos conhecemos.
De que serve ao homem ganhar tantas batalhas,
se ao fim perde a sua contra a solidão.
Clamamos a injustiça, o opróbrio certo
sobre as nossas fronteiras: as fronteiras da alma,
cercadas pelo medo ao desconhecido.
Para que porto obscuro navega a memória
poderosa do ódio, apodrece a esperança.
De que serve ao homem destruir-se a si mesmo,
afundar-se, naufragar, no mar das suas noites,
dócil à ondulação. Olhai-nos com clemência.
Na espada e na morte nos conhecemos.
Livrai-nos dos antigos monstros da ira,
dos lábios furiosos dos nossos corações.
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães.
Vicente Valero nasceu em Ibiza em 1963. Publicou quatro livros de poemas: Jardín de la noche (1986), Herencia y fábula (1989), Teoría solar (1992), com o qual obteve o "Premio Internacional Fundación Loewe a la Joven Creación", e, nesta mesma colecção, Vigilia en Cabo Sur (1999, Marginales 176). Como ensaista publicou os livros La poesía de Juan Ramón Jiménez (1988), Experiencia y pobreza. Walter Benjamin en Ibiza 1932-1933 (2001) e Viajeros contemporáneos (2004). »
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