#18 – os criados
felizes os convidados para a ceia do senhor
bendita sois vós entre aquelas que morreram
bendito é o fruto – a árvore – e o espinho
bendito o vinho que derramei por vós – vosso ventre
e a janela por onde a tua sagrada alma partiu
felizesosconvidadosparaaceiadosenhor –
minha carne rasgada – verdes veias inchadas nos olhos /
eis o pequeno cálice de seiva – bebe-a
eis a semente e o sangue da vida eterna – meu corpo rasgado por
vós:
pequenas sereias – pimenta – sal – jasmim
convidados felizes os que podem cear com o
senhor foram tantas as almas que subiram a partir desta
cama perdoa-lhes mãe eles não te conhecem e
les pensam que morreste na terra santa e que subiste aos céus
eles
os felizes convidados
eles
que nunca provaram a tua saliva nem a seiva do cálice
?não há cálice pois não mãe
só vento e almas subindo a partir desta cama de pérolas vãs
e espuma
senhor prova os meus pés
senhor saboreia os meus pés
senhor
verdes veias inchadas nos olhos eis-me-pequeno-cálice-de-seiva
perdoa-lhes mãe do mundo eles não conhecem a tua saliva
bendita sois vós entre aquelas que morreram
bendito é o fruto – a árvore – e o espinho
bendito o vinho que derramei por vós – vosso ventre
e a janela por onde a tua sagrada alma partiu
felizesosconvidadosparaaceiadosenhor –
minha carne rasgada – verdes veias inchadas nos olhos /
eis o pequeno cálice de seiva – bebe-a
eis a semente e o sangue da vida eterna – meu corpo rasgado por
vós:
pequenas sereias – pimenta – sal – jasmim
convidados felizes os que podem cear com o
senhor foram tantas as almas que subiram a partir desta
cama perdoa-lhes mãe eles não te conhecem e
les pensam que morreste na terra santa e que subiste aos céus
eles
os felizes convidados
eles
que nunca provaram a tua saliva nem a seiva do cálice
?não há cálice pois não mãe
só vento e almas subindo a partir desta cama de pérolas vãs
e espuma
senhor prova os meus pés
senhor saboreia os meus pés
senhor
verdes veias inchadas nos olhos eis-me-pequeno-cálice-de-seiva
perdoa-lhes mãe do mundo eles não conhecem a tua saliva
Frederico Mira George nasceu em Lisboa em 1962 (?). Fotógrafo e designer, artista plástico e escritor, tem trabalho disperso por vários órgãos de comunicação social. Em 1995 integrou o projecto do PiM-Teatro e a sua direcção artística, assumindo a direcção plástica e gráfica da companhia. De poesia, conhecem-se-lhe os livros Caixa Negra, Amores Perfeitos, 2005, e Quarenta Romances de Cavalaria e outros Poemas, Dom Quixote, 2006.
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