Bloco de apontamentos #54
MJLF, Quebra-cabeças, instalação na casa das artes de Tavira, 1992.
A Lua agora tem um novo pretendente: isto são fenómenos naturais do luar de Janeiro. Ultimamente um gato enorme, de pelo branco com listas cinzentas, olhos verdes e coleira de veludo fino com guizo, canta-lhe as janeiras em registo grave à janela – não é tão afinado como o Plácido, este tem pinta de baixo armado em solista, com um ego próprio do seu tamanho; o gato é muito bonito, mais domesticado e civilizado que o outro sacana, pelo menos não se vinga com mijadinhas na porta, mas canta as janeiras em heavy-metal; a Lua fica desorientada de todo, assopra como uma serpente e anda às voltas no atelier; fica de tal forma assustada e insegura que me atacou os pés outro dia, com o Plácido isto nunca se passou.
Maria João
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