Fragmento #45 – Espelho
Descreves-me em corredores amarelos às escuras, na tua mão minha avançando para a porta. Paraste. Perguntaste-me na língua natureza entreaberta, espaço estreito de água. Entrei firme em casa. O som mudou quando fugimos das muralhas ao longe; parámos à distância da terra molhada. Na calçada seguinte sincronizámos, havia passos antes de mergulhares na noite. O som da água entrava no corpo das calçadas; aproximámo-nos no tempo que corre nos passos das ruas estreitas. Entrei no mundo das tuas mãos em direcção à porta da tua sala onde a água caía no tempo dos meus pés. Envolveste-me nos textos do vento, língua na língua. Depois tive de partir, preocupava-me as ruas molhadas, podia ficar ali nas pedras. Não quis ficar. Agora apenas te encontro em sonhos, onde me dás a tua mão. Em casa. As palavras estreitas correm no chão onde oiço a água a correr; o barulho existe apenas nas minhas mãos; aqui estão as minhas mãos às escuras, respondem ao teu silêncio a escrever.
Maria João
Maria João
5 Comments:
..havia passos...
obrigada pela correcção.
Maria João
Belo pedaço de texto.
aurora
Obrigada Aurora, foi feito com pedaços.
Obrigada Conceição.
Maria João
gostei muito deste fragmento.tudo parece um sonho.
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