POEMA DA DEVASTAÇÃO
Há uma devastação
nas coisas e nos seres,
como se algum vulcão
abrisse as sobrancelhas
e ali, sobre esse chão,
pousassem as inteiras
angústias, solidões,
passados desesperos
e toda a condição
de homem sem soleira,
ventura tão curta,
punição extrema.
Há uma devastação
nas águas e nos seres;
os peixes, com seus viços,
revolvem-se no umbigo
deste vulcão de escamas.
Há uma devastação
nas plantas e nos seres;
o homem recurvado
com a pálpebra nos joelhos.
As lavas soprarão,
enquanto nós vivemos.
nas coisas e nos seres,
como se algum vulcão
abrisse as sobrancelhas
e ali, sobre esse chão,
pousassem as inteiras
angústias, solidões,
passados desesperos
e toda a condição
de homem sem soleira,
ventura tão curta,
punição extrema.
Há uma devastação
nas águas e nos seres;
os peixes, com seus viços,
revolvem-se no umbigo
deste vulcão de escamas.
Há uma devastação
nas plantas e nos seres;
o homem recurvado
com a pálpebra nos joelhos.
As lavas soprarão,
enquanto nós vivemos.
Carlos Nejar, Luís Carlos Verzoni Nejar, nasceu em Porto Alegre, RS, no dia 11 de Janeiro de 1939. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica, foi professor da rede pública estadual em Itaqui e Promotor de Justiça em várias cidades do interior gaúcho. Estreou-se em 1960, com Sélesis, quando trabalhava no Diário de Notícias, de Porto Alegre, como colaborador da página literária Nossa Geração. Igualmente romancista e ensaísta, tem poemas traduzidos em diversos idiomas e foi alvo de inúmeros estudos literários. É membro da Academia Brasileira de Letras desde 9 de Maio de 1989, tendo também recebido vários prémios pela sua vasta e multifacetada obra.
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