LENÇO
Foram tantos os pensamentos belos
que passaram pela minha boca
que, se hoje os quiser tornar a dizer,
toda a palavra é pouca.
Foram tantos os sentimentos puros
que passaram pelo meu coração!
Amei toda a gente,
amou-me a solidão.
Foram tantos os pensamentos tristes
que eu vi passar ao longe, de partida!
Depois daquela noite inesperada,
a noite que desceu na tua vida.
A morte quando chega, assim alheia,
de negro nos veste a alma assustada.
Rezemos somente… Só Deus é que sabe.
Nós não sabemos nada.
Alberto de Lacerda, de seu nome completo Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 1928 na Ilha de Moçambique. Veio para Portugal em 1946, a fim de concluir estudos secundários. Co-fundador da revista Távola Redonda (1950), fixa-se em Londres a partir de 1951. Continua a publicar, no entanto, em várias revistas e jornais portugueses, iniciando, ao mesmo tempo, profícua colaboração com órgãos da imprensa britânica, francesa e brasileira. Em 1955, Arthur Waley traduz e prefacia 77 Poems, uma edição bilingue da casa Allen & Unwin (Londres), calorosamente saudada pela crítica local. Só em 1961, com a publicação de Palácio, granjeia algum reconhecimento em Portugal. Em 1972 torna-se professor de poética, na Boston University. Poemas seus estão traduzidos para inglês, francês, alemão, castelhano, bengáli, etc. René Char considerou-o «um dos quinze poetas europeus de voz universal». Faleceu no dia 26 de Agosto de 2007, em Londres. »
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