EPC (1944-2007)
Intelectual de primeira em país de segunda, escreveu muito sobre tudo. Sobretudo, pouco lemos do que escreveu. Passávamos-lhe os dedos pela tinta jornalística quando líamos jornais, neste país sempre militantemente avesso ao género que pensa. Diz-se que pensou tanto como terá, obliquamente, fornicado. É o que diz, como já alguém disse, quem mais não tem o que dizer. Não lhe apreciámos o tipo mal-com-os-outros-quando-mal-comigo, nem certas farpas, em jeito cata-vento, a fazerem ricochete. Que o elogiem em necrológico aqueles que com ele privaram. Ou, em alternativa, os que lhe meteram veneno na sopa. O lugar está aberto. Venha o senhor que se segue.
In memoriam
Eduardo come no prato
o coelho que come
Eduardo no prado
In memoriam
Eduardo come no prato
o coelho que come
Eduardo no prado
Algumas referências a EPC no Insónia: O escritor; O parêntesis; Nem de propósito; Jesus!!!; A opacidade das leituras.
3 Comments:
EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.
Lá isso era. E tiro-lhe a boina por uma razão: cultivava a polémica em terras áridas. Saúde,
Vale a pena seguir o link do leão, mais que não seja por esta pérola de EPC: «Nunca escondi essa característica da minha personalidade que é ter nascido sportinguista. Para falar verdade, não sei o que isto significa ao certo. Não consigo descobrir se se trata de um imperativo do destino, se de uma decisão racional (mas que racionalidade poderá existir aqui?). Sei apenas que sofro absurdamente quando o Sporting está a perder e que partilho a alegria de todas as vitórias, mesmo que seja sobre um clube da III Divisão: ganharam 4 a zero? São os melhores.»
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