29.9.07

DEIXAR FALAR QUEM SABE

Uma das razões porque Menezes ganhou foi porque assumiu o papel de sindicalista do aparelho do partido, como já tinha sido com Valentim Loureiro contra as propostas de Rio. Não foi a única razão, mas foi importante. Prometeu-lhes todos os despojos de guerra, os lugares de deputados, do Parlamento Europeu, das autarquias, empregos, tudo. Isto foi uma força em campanha, mas vai ser uma fraqueza no deliver. É que agora vai-se defrontar com a escassez, não há lugares para todos.
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A outra razão pela qual Menezes ganhou, a mais importante para os votos que obteve, tem a ver com a incapacidade do PSD suportar mais tempo de oposição e ter "pressa" de chegar ao poder. Por isso acredita no Houdini, no milagre salvador que lhe dê esperança de, sem trabalho, nem reflexão, nem mudança, aparecer na manhã seguinte instalado em S. Bento.
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Na lista dos pecados mortais inclui-se a "preguiça" e muita gente pensa que o pecado é mesmo a preguiça. Não é: o pecado mortal é a acedia que é outra coisa bem diferente. Um dos textos mais interessantes da Summa Theologica de Tomás de Aquino é sobre a acedia e por ele se percebe por que razão é um dos pecados "espirituais" mais complexos da lista cristã. A acedia é a indiferença face ao mal, uma "tristeza" face ao bem (Tristitia de bono spirituali) que mata a acção, um torpor perante uma obrigação presumida.
Um dos grandes e eficazes eleitores de Menezes foi a acedia.

Ficaremos à espera para saber em quem votará JPP nas próximas legislativas. O sublinhado é meu.

3 Comments:

At 4:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tudo isto é o PSD, o partido mais português de Portugal. O que espanta em Pacheco Pereira é que ele pertença a um partido assim, um partido cuja glória máxima foi ter sido liderado por Cavaco, o agora presidente mais português de Portugal.

 
At 12:06 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É verdade. Mas o PS também não é muito diferente.

 
At 2:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Também é verdade. Mas habituei-me, em questões partidárias, a valorizar as pequenas diferenças. Faz falta o exercício de não pôr tudo no mesmo saco.
Se nos partidos portugueses militam portugueses... Se cada qual observar hábitos e comportamentos de muitos dos portugueses seus vizinhos, fica quase tudo explicado.

 

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