10.10.07

SLIDING


Morde-me as veias, ata-me os nervos, não cuspas para o ar a saliva do meu peito, rasga-me os poros, borda-me as unhas, não cuspas para o chão a saliva do meu peito, corre para bem longe, onde nos sirvam copos de água, corpos de água, bem longe desta cidade, desliza no pavimento lúbrico dos meus medos. Receio que um dia me chegues tão intensamente deformada como um bando de sonhos sobrevoando a cabeça dos espantalhos, avisto-te ao perto sob a forma de um suspiro exangue, um cansaço fatídico, humilhado, e penso que à nossa volta bailam esplendorosas melodias de amor. Todos os domínios consentidos no teu mais breve afago, de mim errante afectos nascidos, sejam a palavra nós na solidão nocturna das ruas.

1 Comments:

At 11:09 da tarde, Blogger ana salomé said...

dizer que é muito bonito seria banal. mas não aspiro ao para além disto, por isso digo, muito bonito. está dito.

 

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