MICROCOSMO
De vez em quando aprecio uma cartada. Pode ser sueca, copa, bisca de nove. Tanto faz, desde que acompanhada por cerveja e amendoins. Não me importa se perco ou se ganho, mas quando perco fico fodido por não ter ganhado. E quando ganho, disfarço o gáudio com sentenças do género «elas é que mandam», «sem sorte não se faz nada», etc. Uma mesa rodeada de jogadores, jogando a verbalização das emoções ao ritmo das vitórias ou dos fracassos, é, sem dúvida, um excelente microcosmo da vida. Por isso costumo dizer que não me importava nada que a minha vida fosse sempre um microcosmo destes: cartas, cerveja e amendoins.
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