LISTAS
É sempre com algum enfado que passo os olhos pelos balanços de fim de ano. Repetem-se os tiques, as falhas, os gestos, tornam-se os dias ainda mais previsíveis. Os balanços têm essa natureza da previsibilidade, assim como as reacções que os sucedem. Singelas reacções como a minha já não são novidade, fazem parte da mobília e servirão para pouco mais do que lembrar, à escala reduzida dos leitores deste texto, que os balanços apenas serão para levar a sério quando forem feitos a brincar. Sonho, por exemplo, com um inventário fastidioso de todos os títulos publicados durante o ano. Tal sonho provoca-me uma espécie de agonia que, estou em crer, seria a mesma que muitas outras pessoas sentiriam se lhes fosse dada a possibilidade de verem para lá das sínteses programáticas dos agentes publicitários da imprensa portuguesa. Desconfio que seria uma agonia pedagógica. Noto, por exemplo, que nos livros escolhidos pelos assalariados do Ípsilon faltam títulos como Alexandre O’Neill – Uma Biografia Literária, de Maria Antónia Oliveira; A Velha e Outras Histórias, de Danill Harms, organizado e traduzido por Nina e Filipe Guerra; ou ainda – porque não? – os Pequenos Mistérios, de Bruce Holland Rogers, com tradução de Luís Rodrigues; assim como não chocaria uma referência a Antecedentes Criminais – Antologia Pessoal 1982-2007, do prolífico Amadeu Baptista, autor que, já este ano, venceu mais dois prémios literários atribuídos a originais (Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, Prémio Literário Florbela Espanca). E para não me alongar muito em referências, referirei apenas que ando a ler, neste momento, aquele que é, certamente, um dos meus livros do ano. Chama-se A Lenta Volúpia de Cair – ensaios sobre poesia, foi editado pelas Quasi em Março passado, e é da autoria de Pedro Eiras.
4 Comments:
Não citaste (por razões óbvias) o livro q eu poria à cabeça de uma hipotética lista de livros do ano.
Não tenho lata para tanto, Rui. :)
este ano não faço listas. não tenho pedalada para ler livros editados no próprio ano.
de 2007 penso que li apenas 3 livros: O Virus da Vida, Aprender a Rezar na Era da Técnica, O Meu Cinzeiro Azul.
ando a tentar por em dia livros que já devia ter lido há muito tempo. tarefa muito difícil, mas não impossível.
Manuel, eu ando todos os dias a tentar pôr em dia os dias que me faltam para pôr em dia os livros que nunca hei-de ler. :)
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