PRIMA MATÉRIA
Fortes aromas se levantavam da solícita matéria
Chamamento de qualidades quentes, líquidas, moles, pastosas
O barro de que somos feitos
Nenhuma forma fixa nesse todo só conteúdo
Nenhum conteúdo narrável em todas as moventes formas
Fugaz fazer, inteiro desfazer
Nenhuma lógica do acto, nenhum fim avistável
Efeitos conjugadamente se transformando em causas
Ondas sucessivas de um vasto mar
Lixo, podridão e morte, pureza, criação e vida
Vozes chorando e rindo do mal e do bem
Todas as formas exemplo, todo o conteúdo prazer.
Chamamento de qualidades quentes, líquidas, moles, pastosas
O barro de que somos feitos
Nenhuma forma fixa nesse todo só conteúdo
Nenhum conteúdo narrável em todas as moventes formas
Fugaz fazer, inteiro desfazer
Nenhuma lógica do acto, nenhum fim avistável
Efeitos conjugadamente se transformando em causas
Ondas sucessivas de um vasto mar
Lixo, podridão e morte, pureza, criação e vida
Vozes chorando e rindo do mal e do bem
Todas as formas exemplo, todo o conteúdo prazer.
Maria Isabel Barreno nasceu em Lisboa a 10 de Julho de 1939. Licenciada em Histórico-Filosóficas, foi conferencista, fez programas para televisão, foi chefe de redacção e directora da revista Marie Claire. É autora de várias obras nos domínios da ficção e do ensaio, tendo escrito, em colaboração com Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, as polémicas Novas Cartas Portuguesas (1972). Tem colaborado, desde a década de sessenta, em vários jornais e revistas portuguesas. O poema que aqui reproduzimos apareceu no n.º1 de Hífen – Cadernos Semestrais de Poesia (Out. 87/Mar. 88).
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