«AS SIMPLE AS THAT»
Ligações no Adufe e no Ma-Schamba – não detectadas pelo Technorati ou pelo Site Meter -, às quais cheguei por via de um comentário do Rui MCB deixado neste post, obrigam-me a alguns esclarecimentos relativos a um desabafo que deixei no renovado Ma-Schamba. No dito desabafo pretendi apenas manifestar um certo incómodo enquanto leitor do weblog em causa, referindo o que a seguir reproduzo: «Detesto publicidade nos weblogs. E quando chego ao Ma-schamba continua a haver aquela coisa irritante de uma janela pop-up a querer intrometer-se no caminho.» A segunda questão está resolvida: a famigerada janela desapareceu. Quanto à primeira questão, anteriormente aflorada noutros posts, com desenvolvimentos interessantes no weblog Desmancha-Prazeres (vide Poluição Visual), impõem-se umas tantas notas explicativas:
1. Não sou de todo contra a publicidade. Bem sei que posso parecer palerma, mas não me tenham em tão baixa conta. Disse apenas que detesto publicidade nos weblogs, não disse que detesto publicidade. Portanto, fique claro que nenhum preconceito me move contra a publicidade. Isto não me impede de considerar que a publicidade, anteriormente tomada como um discurso de sedução, tenha vindo a transformar-se, por razões diversas que não cabe aqui aprofundar, numa presença agressiva, sufocante e, por isso mesmo, num discurso de violação. Ele é publicidade na caixa postal, no e-mail, nos telemóveis, no telefone, nas ruas, antes da sessão de cinema, etc, etc, etc. E agora também nos weblogs.
2. A razão por que detesto publicidade nos weblogs pode explicar-se, muito simplesmente, por dois factores:
1. Não sou de todo contra a publicidade. Bem sei que posso parecer palerma, mas não me tenham em tão baixa conta. Disse apenas que detesto publicidade nos weblogs, não disse que detesto publicidade. Portanto, fique claro que nenhum preconceito me move contra a publicidade. Isto não me impede de considerar que a publicidade, anteriormente tomada como um discurso de sedução, tenha vindo a transformar-se, por razões diversas que não cabe aqui aprofundar, numa presença agressiva, sufocante e, por isso mesmo, num discurso de violação. Ele é publicidade na caixa postal, no e-mail, nos telemóveis, no telefone, nas ruas, antes da sessão de cinema, etc, etc, etc. E agora também nos weblogs.
2. A razão por que detesto publicidade nos weblogs pode explicar-se, muito simplesmente, por dois factores:
a) é tão inestética quão poluente (olhem bem para a imagem que ilustra este post e digam-me, por favor, se não concordam comigo);
b) abre caminho para a transformação dos weblogs num negócio como outro qualquer, com todas as consequências que daí advenham.
Penso que a primeira alinha, de tão óbvia, explica-se por si própria, pelo que não a aprofundarei. Vamos à segunda alinha.
3. Quando cheguei aos weblogs, em 2003, encontrei um espaço privilegiado de partilha de ideias, um espaço comunicacional propício ao debate, à discussão, a encontros e a desencontros, no fundo um laboratório de escrita e um saudável exercício de cidadania democrática. Confesso alguma saudade dos tempos em que a discussão ficava pelas virtudes e pelos vícios do anonimato. Seguiram-se a discussão dos weblogs transformados em livros, as transferências da blogosfera para os jornais e dos jornais para a blogosfera, a chegada ao meio de algumas vedetas nacionais, etc. A blogosfera, pelas mãos de algumas criaturas que se aperceberam das potencialidades do isco, passou a ser vista como um negócio em ascensão. Há quem não consiga olhar para o mundo sem ver potencialidades comerciais em tudo o que mexa e atraia público. É a vida. Com o fenómeno dos weblogs passa-se exactamente o mesmo. Não que isso seja necessariamente mau, é apenas o rio a seguir o curso da sua inevitável tragédia. A publicidade está aí, estará cada vez mais presente e em circunstâncias que, mais tarde ou mais cedo, poderão não deixar alternativa àqueles que, como eu, a evitam como sabem e podem. O problema é só um, e não é, como alguns adiantam, o facto de se fazer ou não dinheiro com isso. Aliás, essa questão até me parece algo pacóvia. Antes ganhassem muito dinheiro com a publicidade que têm nos weblogs. Sempre seria uma justificação plausível para sujarem as paredes com os cartazes. Não sendo esse o caso, então para quê terem a tal publicidade? Se ela não for necessária, se nem sequer vale o $, então não será preferível evitá-la? Porquê ceder a mais esse poder? Fica bonito? Qual é, então, o problema? O problema é que onde há negócio haverá, mais tarde ou mais cedo, regulação. Fecha-se a porta à anarquia (saudável) em que temos vivido, escancarando as pernas aos legisladores, aos cobradores, aos administradores, aos gestores, a toda uma série de gente que nunca saberá viver sem impor aos outros as suas formas de vida, as suas regras e os seus limites. É por estas (e por outras) razões que detesto a publicidade nos weblogs. No fundo, sem ela respira-se muito melhor.
3. Quando cheguei aos weblogs, em 2003, encontrei um espaço privilegiado de partilha de ideias, um espaço comunicacional propício ao debate, à discussão, a encontros e a desencontros, no fundo um laboratório de escrita e um saudável exercício de cidadania democrática. Confesso alguma saudade dos tempos em que a discussão ficava pelas virtudes e pelos vícios do anonimato. Seguiram-se a discussão dos weblogs transformados em livros, as transferências da blogosfera para os jornais e dos jornais para a blogosfera, a chegada ao meio de algumas vedetas nacionais, etc. A blogosfera, pelas mãos de algumas criaturas que se aperceberam das potencialidades do isco, passou a ser vista como um negócio em ascensão. Há quem não consiga olhar para o mundo sem ver potencialidades comerciais em tudo o que mexa e atraia público. É a vida. Com o fenómeno dos weblogs passa-se exactamente o mesmo. Não que isso seja necessariamente mau, é apenas o rio a seguir o curso da sua inevitável tragédia. A publicidade está aí, estará cada vez mais presente e em circunstâncias que, mais tarde ou mais cedo, poderão não deixar alternativa àqueles que, como eu, a evitam como sabem e podem. O problema é só um, e não é, como alguns adiantam, o facto de se fazer ou não dinheiro com isso. Aliás, essa questão até me parece algo pacóvia. Antes ganhassem muito dinheiro com a publicidade que têm nos weblogs. Sempre seria uma justificação plausível para sujarem as paredes com os cartazes. Não sendo esse o caso, então para quê terem a tal publicidade? Se ela não for necessária, se nem sequer vale o $, então não será preferível evitá-la? Porquê ceder a mais esse poder? Fica bonito? Qual é, então, o problema? O problema é que onde há negócio haverá, mais tarde ou mais cedo, regulação. Fecha-se a porta à anarquia (saudável) em que temos vivido, escancarando as pernas aos legisladores, aos cobradores, aos administradores, aos gestores, a toda uma série de gente que nunca saberá viver sem impor aos outros as suas formas de vida, as suas regras e os seus limites. É por estas (e por outras) razões que detesto a publicidade nos weblogs. No fundo, sem ela respira-se muito melhor.
P.S.: Saudações leoninas ao JPT e ao Rui MCB.
4 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Há seis meses ganhava 1, hoje ganho 10 se daqui a seis meses ganhar 100 mantenho a publicidade, se voltar a ganhar menos de 10 desisto. A gestação é lenta e precisamente porque acho que não vale a pena ter pub por 1 ou mesmo por 10 é que o Adufe está na TubarãoEsquilo (não só, mas também). A ideia é ter quem trate disso e de preferência não precise de tanto espaço como aquele que ilustras para chegar aos 100.
O teste prossegue. Depois falamos.
Um nota adicional, no http://economiafinancas.com onde também tenho pub o retorno está bem próximo de 100 muito por "culpa" do sentido que a publicidade que lá vai parar faz ao pé da informação que se divulga. Funcionam como um complemento. No Adufe só pontualmente será assim. Por isso sei que no E&F a publicidade está para durar; no Adufe veremos.
Abraço a verde e branco ;-)
Venho atrasado. Para saudar. Para notar que concordo globalmente - ainda que o ponto 3 me pareça um pouco escatológico. E, já agora, para recordar que não é o taco a ganhar que me leva a sujar as paredes - para além de não acreditar que o ma-schamba venha a chegar aos tais 100 euros mesmo que chegasse não seria suficiente. Estão lá os blog-doors como forma de remuneração do TE, que acho justo.
E para lamentar o estado sportinguista ....
Bem, eu discordo com forte veemência. Felizmente que os fundamentalistas são uma pequena minoria -- fossem doutrina e ainda estávamos com os papiros -- ou, se preferem um exemplo menos radical, os jornais do século XIX.
Considero esta uma discussão inútil, pelo que me absterei de lhe dar seguimento. Vou fazer algo bastante mais útil. Se o Henrique Fialho detesta publicidade nos blogues, recomendo-lhe as alternativas ao seu dispôr:
fácil, imediato e indolor: desligue o javascript do seu Internet Explorer (não faço a mínima ideia onde isso se faz, hoje em dia).
alternativa mais consistente, mas com dor: instalar um dos muitos filtos e bloqueios de anúncios que a web proporciona a pessoas como você.
Um abraço
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