INÉDITOS DE JORGE AGUIAR OLIVEIRA #4
O HEMICICLO DOS ROEDORES
Se chegares a depois de amanhã
vai até à praça maior e anula-te
numa parede qualquer suja de grafittis
ou num aroma de iogurte dum mupi.
Serve a camuflagem. Observa-os
a andarem para baixo e para cima
com os ponteiros do relógio
no cartão de crédito – vala depositária
dos poucos nadas e vazios emprestados
num bolso roto de frustração
por tanto desnorte – e sonhos curtos.
Não fales, não tussas sequer
nem apontes o dedo rebelde
a nada nem a ninguém. Muito menos
saques do bolso a bandeira preta
para limpares as migalhas da fome.
No momento certo, e o momento
certo não é quando estão distraídos
porque eles estão sempre.
O momento é quando estão
simplesmente mais
e faz-te explodir
de poesia. Haverá feridos
pelos estilhaços dos sentidos
impressos e lembrado serás,
com certeza, num noticiário
como uma louca pulga terrorista
e nada mais. Se entretanto
os nervos e a raiva
banharem de esperança teus olhos,
e estes avistarem o eterno sonho
e te parecer vir lá do sul
D. Sebastião, podes crer:
é a mais bela e eterna
Máscara de Carnaval a andar
para baixo e para cima
para cima e para baixo.
Jorge Aguiar Oliveira
1 Comments:
Não iludo as palavras elas é que me iludem apenas lhes acrescento letras elas acrescentam-me vida.
Gostei de ler:)
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