CONTINUAÇÃO DO EPISÓDIO ANTERIOR
Tendo em conta as reacções ao post intitulado "HÁ UMA GERAÇÃO DE POETAS PORTUGUESES DO SÉC. XXI?", irei responder ao que me merece resposta reforçando, desde já, duas opiniões pessoais que me parece essencial ficarem bem claras: A) Independentemente de concordar ou discordar com as teses promovidas pelo artigo publicado no Ípsilon, agradou-me lê-lo, julgo-o bem escrito e, repito, dentro dos condicionalismos que o tema impõe, suficientemente informado. B) Parecer-me desmesurado o destaque atribuído à revista Criatura não impede que me sinta agradado com o simples facto de uma revista de poesia merecer tal vigilância. Dito isto, importa felicitar os directores da revista pela publicação da mesma e desejar que muitos outros números venham a surgir colhendo a mesma atenção. Importa também felicitar o Luís Miguel Queirós pelo artigo, assim como os editores do Ípsilon por terem feito capa da poesia portuguesa contemporânea (fenómeno tão raro que o simples facto de acontecer deve deixar satisfeitos os que escrevem e lêem poesia). Agora as reacções:
1. O post no Pisca de Gente prova que as discussões nos weblogs facilmente se esgotam na confusão de assuntos marginais ao problema em discussão. Não sei nem me interessa saber se Luís Miguel Queirós é «uma caixinha de eco de Joaquim Manuel Magalhães» e se teve ou não coragem para publicar os poemas que escreve. Mas estou de acordo quando acusa a infelicidade desta asserção: «Olhando para trás, ocorre mesmo perguntar se a discutível imagem que hoje se tem dos anos 80 como a de uma década um tanto falhada, ou incaracterística, na poesia portuguesa, não ficará a dever-se bastante ao facto de os seus poetas não terem tido críticos que separassem águas e fossem verdadeiros formadores de gosto.» Não tenho dos anos 80 a imagem de uma década falhada na poesia portuguesa, não sei o que seja uma década bem sucedida na poesia portuguesa e nunca olhei para os críticos enquanto “formadores de gosto”. Arrisco um exemplo pessoal: à excepção de Os Passos em Volta e Photomaton & Vox, mais um ou outro poema da Poesia Toda, não nutro grande apreço pela poesia de Herberto Helder. Anunciado que está um novo livro do autor, já todos esperamos que se faça disso um acontecimento nacional. Sabemos que os críticos serão consensuais na classificação daquela obra poética como a mais importante do séc. XX depois de Pessoa. Enquanto leitor, tudo isso me causará um grande enfado e não contribuirá minimamente para a formação do meu gosto. Mas admito que muita gente siga no rebanho. Que as pessoas formem o seu gosto no gosto dos outros, não me escandaliza por aí além. Escandaliza-me muito mais que os outros se arroguem no direito de pretender formar um gosto que não seja o deles (por exemplo, o meu).
2. As reacções de Luís Miguel Queirós são esclarecedoras quanto ao carácter especulativo e particular do artigo que escreveu, assim como às contingências de espaço que obrigam a cortes, esquecimentos, etc. Deixam-me, porém, algo perplexo perante os critérios adoptados. Não me passa pela cabeça que um artigo deste género possa resumir-se a um exaustivo levantamento de nomes, mas há algo nos comentários de Luís Miguel Queirós que não bate certo: não se penitencia por não ter citado os poetas a que eu aludo - com excepção de Rute Mota e Vítor Vicente, apesar de não se lembrar de os ter lido; quanto aos outros, conhece melhor uns, outros pior, julga ter lido tudo o que alguns deles publicaram. Que não os tenha citado porque lhe interessaram menos do que aqueles a que aludiu, é compreensível; só não é compreensível que se penitencie por não ter citado dois autores que não se lembra de ter lido. Se não os leu, não os deve citar. Ponto final. Como bem diz, ninguém pode ler tudo.
3. No weblog Húmus, Hugo Torres assina um post interessante chamando a atenção para uma outra passagem do artigo em causa: «Editado há alguns meses por uma chancela de indiscutível prestígio, o mais recente livro de um poeta francamente importante da geração de 60, cujo nome nos abstemos de adiantar (até para poupar o embaraço aos meios culturais do país), vendeu 200 exemplares.» Hugo Torres não gostou que Luís Miguel Queirós tivesse omitido o nome do poeta em causa. Tem um certo fundamento, pois a omissão suscita todo o tipo de especulações. Não obstante, porque também eu quero «poupar o embaraço aos meios culturais do país», permitam-me que vos faça pensar sobre esta questão da poesia não vender apelando à vossa imaginação com outro facto: editado por uma chancela inexplicavelmente ignorada na imprensa escrita, o mais recente livro de problemas de um poetastro sobre o qual nenhum crítico escreveu uma frase que fosse (que ele saiba) na imprensa escrita, vendeu mais de 200 exemplares (neste momento, a contagem de exemplares reproduzidos vai no belo número de 445). Bem sei que 400 feitos não significam 400 vendidos, e que um livro de problemas não é um livro de poemas, e que uma chancela de indiscutível prestígio não é um objecto voador não identificado, e que um ilustre desconhecido de 33 anos não é um poeta francamente importante, mas os números deixam-me a pensar… Será que a poesia não vende? Por que não vende a poesia? Se um ilustre desconhecido, ignorado pela imprensa escrita, com uma editora cuja distribuição é sofrível, consegue espalhar por aí mais de 400 exemplares de um livro, o que está a falhar com os poetas francamente importantes das chancelas de indiscutível prestígio?
4. Por fim, dizer que o Luís Filipe Cristóvão aprofunda a sua opinião sobre este assunto num post intitulado “Pequeno contributo para uma possível polémica acerca de poesia, gerações e novidades”. Concordo com ele no essencial. Por isso, cito-o: “Como o próprio Queirós indica no seu texto, "uma certa ansidade contemporânea pela descoberta" joga, a maior parte das vezes, tanto contra os actores como contra o próprio público. Tantas e tantas vezes, à efusividade da descoberta de algo novo, segue-se a natural desilusão de quem não viu bem, não entendeu bem que o novo, para o ser realmente, precisa de tempo para envelhecer. (…) Esperar-se que um jornal, mesmo que um suplemento cultural, faça a resenha de um movimento ou de uma geração é, ainda, esperar de mais. (…) Não acreditando em gerações, eu, não acredito mesmo nada numa geração do século XXI.” Há outras afirmações com as quais estou em desacordo, mas este texto já vai mais longo do que devia.
1. O post no Pisca de Gente prova que as discussões nos weblogs facilmente se esgotam na confusão de assuntos marginais ao problema em discussão. Não sei nem me interessa saber se Luís Miguel Queirós é «uma caixinha de eco de Joaquim Manuel Magalhães» e se teve ou não coragem para publicar os poemas que escreve. Mas estou de acordo quando acusa a infelicidade desta asserção: «Olhando para trás, ocorre mesmo perguntar se a discutível imagem que hoje se tem dos anos 80 como a de uma década um tanto falhada, ou incaracterística, na poesia portuguesa, não ficará a dever-se bastante ao facto de os seus poetas não terem tido críticos que separassem águas e fossem verdadeiros formadores de gosto.» Não tenho dos anos 80 a imagem de uma década falhada na poesia portuguesa, não sei o que seja uma década bem sucedida na poesia portuguesa e nunca olhei para os críticos enquanto “formadores de gosto”. Arrisco um exemplo pessoal: à excepção de Os Passos em Volta e Photomaton & Vox, mais um ou outro poema da Poesia Toda, não nutro grande apreço pela poesia de Herberto Helder. Anunciado que está um novo livro do autor, já todos esperamos que se faça disso um acontecimento nacional. Sabemos que os críticos serão consensuais na classificação daquela obra poética como a mais importante do séc. XX depois de Pessoa. Enquanto leitor, tudo isso me causará um grande enfado e não contribuirá minimamente para a formação do meu gosto. Mas admito que muita gente siga no rebanho. Que as pessoas formem o seu gosto no gosto dos outros, não me escandaliza por aí além. Escandaliza-me muito mais que os outros se arroguem no direito de pretender formar um gosto que não seja o deles (por exemplo, o meu).
2. As reacções de Luís Miguel Queirós são esclarecedoras quanto ao carácter especulativo e particular do artigo que escreveu, assim como às contingências de espaço que obrigam a cortes, esquecimentos, etc. Deixam-me, porém, algo perplexo perante os critérios adoptados. Não me passa pela cabeça que um artigo deste género possa resumir-se a um exaustivo levantamento de nomes, mas há algo nos comentários de Luís Miguel Queirós que não bate certo: não se penitencia por não ter citado os poetas a que eu aludo - com excepção de Rute Mota e Vítor Vicente, apesar de não se lembrar de os ter lido; quanto aos outros, conhece melhor uns, outros pior, julga ter lido tudo o que alguns deles publicaram. Que não os tenha citado porque lhe interessaram menos do que aqueles a que aludiu, é compreensível; só não é compreensível que se penitencie por não ter citado dois autores que não se lembra de ter lido. Se não os leu, não os deve citar. Ponto final. Como bem diz, ninguém pode ler tudo.
3. No weblog Húmus, Hugo Torres assina um post interessante chamando a atenção para uma outra passagem do artigo em causa: «Editado há alguns meses por uma chancela de indiscutível prestígio, o mais recente livro de um poeta francamente importante da geração de 60, cujo nome nos abstemos de adiantar (até para poupar o embaraço aos meios culturais do país), vendeu 200 exemplares.» Hugo Torres não gostou que Luís Miguel Queirós tivesse omitido o nome do poeta em causa. Tem um certo fundamento, pois a omissão suscita todo o tipo de especulações. Não obstante, porque também eu quero «poupar o embaraço aos meios culturais do país», permitam-me que vos faça pensar sobre esta questão da poesia não vender apelando à vossa imaginação com outro facto: editado por uma chancela inexplicavelmente ignorada na imprensa escrita, o mais recente livro de problemas de um poetastro sobre o qual nenhum crítico escreveu uma frase que fosse (que ele saiba) na imprensa escrita, vendeu mais de 200 exemplares (neste momento, a contagem de exemplares reproduzidos vai no belo número de 445). Bem sei que 400 feitos não significam 400 vendidos, e que um livro de problemas não é um livro de poemas, e que uma chancela de indiscutível prestígio não é um objecto voador não identificado, e que um ilustre desconhecido de 33 anos não é um poeta francamente importante, mas os números deixam-me a pensar… Será que a poesia não vende? Por que não vende a poesia? Se um ilustre desconhecido, ignorado pela imprensa escrita, com uma editora cuja distribuição é sofrível, consegue espalhar por aí mais de 400 exemplares de um livro, o que está a falhar com os poetas francamente importantes das chancelas de indiscutível prestígio?
4. Por fim, dizer que o Luís Filipe Cristóvão aprofunda a sua opinião sobre este assunto num post intitulado “Pequeno contributo para uma possível polémica acerca de poesia, gerações e novidades”. Concordo com ele no essencial. Por isso, cito-o: “Como o próprio Queirós indica no seu texto, "uma certa ansidade contemporânea pela descoberta" joga, a maior parte das vezes, tanto contra os actores como contra o próprio público. Tantas e tantas vezes, à efusividade da descoberta de algo novo, segue-se a natural desilusão de quem não viu bem, não entendeu bem que o novo, para o ser realmente, precisa de tempo para envelhecer. (…) Esperar-se que um jornal, mesmo que um suplemento cultural, faça a resenha de um movimento ou de uma geração é, ainda, esperar de mais. (…) Não acreditando em gerações, eu, não acredito mesmo nada numa geração do século XXI.” Há outras afirmações com as quais estou em desacordo, mas este texto já vai mais longo do que devia.
17 Comments:
Caro Henrique
A minha infeliz estreia nesta actividade de alimentar caixas de comentários serviu-me já para perceber que corremos alguns riscos quando reagimos de imediato a um texto que acabámos de ler. E se não conhecemos a pessoa que o escreveu, e não sabemos por isso, sequer mais ou menos, o que ela pensa – e, em consequência, o que é improvável, ou mesmo impossível, que pense –, algum grau de tresleitura torna-se quase inevitável.
Desta vez, julgo que tresleu o que eu escrevi, embora a minha frase, na sua literalidade, pudesse eventualmente suportar a interpretação que dela fez.
Refiro-me a esta sua afirmação: (...) “só não é compreensível que se penitencie por não ter citado dois autores que não se lembra de ter lido. Se não os leu, não os deve citar. Ponto final.”
Quando expliquei que não incluí alguns poetas referidos no seu post porque me interessam menos do que aqueles a aludi (explicação, de resto, bastante desnecessária), ressalvando que o Henrique citava dois nomes cuja omissão eu não sabia se lamentava ou não, uma vez que não me lembrava de os ter lido, pareceu-me que esta afirmação só podia ter uma leitura.
A frase que usei foi: “Não sei se lamento ou não a omissão destes dois nomes, porque não me lembro de ter lido nada de nenhum deles”. Evidentemente, o que quis dizer (e o que acho que disse, embora mais sucintamente) foi isto: Como não conheço estes dois poetas, não posso adivinhar se, quando um dia os vier a ler, lamentarei ou não o facto de os ter omitido no meu artigo. Parece-me que a sua leitura da minha frase só é remotamente viável partindo do pressuposto de que é de esperar que eu diga coisas inteiramente absurdas.
Só mais duas ou três notas. Também li o post em que se censurava a tal informação que dei sobre o livro que vendera 200 exemplares. Só podia dá-la como a dei, sem nomear o autor e, por isso mesmo, hesitei em dá-la. Acho muito natural, portanto, que essa passagem levante reservas. Mas vejo-me obrigado a acrescentar que não percebo a acusação de “paternalismo”. Seja num sentido próximo de “afectuoso”, seja no sentido, mais vulgarizado, de “condescendente”, não vejo como a palavra possa ter qualquer aplicação pertinente naquele contexto.
Hugo Torres, aludindo a uma opinião expressa por Luís Filipe Cristóvão, diz também que não o choca saber “se estamos perante uma reportagem ou um artigo de opinião”. Deixando agora de lado a questão de saber se “reportagem” será, tecnicamente, a melhor palavra para definir o primeiro termo da equação, eu, por acaso, acho que essa é uma das críticas mais certeiras que se podem fazer ao texto que escrevi. A dado momento, ainda antes de o escrever, percebi que isso iria ser inevitável, mas a reserva tem toda a razão de ser.
Não resisto, também, a comentar a passagem de H.F. sobre Herberto Helder. Que não tenha grande apreço pela poesia de H.H. é algo que não contribui para aumentar o apreço em que o tenho enquanto leitor de poesia, mas é o seu gosto. O que acho um bocadinho irritante é sugerir que boa parte dos que pensam o contrário se limitam a seguir o rebanho. Porque é que não parte do princípio de que os que dizem que gostam do que ele escreve gostam mesmo do que ele escreve? Na verdade, presumir que o fazem para ser iguais aos outros é tão legítimo (ou ilegítimo) como presumir que o Henrique faz o contrário com o exclusivo propósito de marcar a diferença.
Veja o caso, por exemplo, do José Luís Peixoto poeta. O primeiro livro dele já vai, salvo erro, em 17 edições. E o último, ao que sei, também já vendeu uns milhares de exemplares. Pessoalmente, acho que é um péssimo poeta, a ponto de me surpreender que a prosa e a poesia dele sejam do mesmo autor. Mas parece-me perfeitamente provável que os milhares de leitores da sua poesia gostem efectivamente do que lêem.
Agora tenho de interromper, mas ainda voltarei a roubar-lhe algum espaço virtual para comentar uma questão que já vi referida em alguns posts, e que tem a ver com a questão dos críticos formadores de gosto. É uma discussão que me parece ter interesse, e receio que o que escrevi, por causa dos tais condicionalismos de espaço, possa ter resultado um tanto equívoco. Não vou agora explicar-me, mas adianto apenas que acho que a década de 80 teve excelentes poetas e críticos. A título de exemplo, basta pensar em Luís Miguel Nava, que foi ambas as coisas.
De baixo para cima:
- também julgo que a década de 80 teve excelentes poetas e críticos, entre os quais citaria igualmente Luís Miguel Nava;
- também não gosto da poesia do José Luís Peixoto, embora não me cause comichão que um poeta do qual não gosto venda tanto e seja tão acarinhado nas páginas do jornal onde Luís Miguel Queirós escreve.
- o que há de bom gosto no gosto é ele ser discutível. A poesia de Herberto enfada-me. Da mesma geração, prefiro, por exemplo, a de Ruy Belo. No entanto, não é o saber que Luís Miguel Queirós tem gostos diferentes do meu que me vai impedir de “aumentar o apreço” que possa ter por ele “enquanto leitor de poesia”. Penso que o LMQ me tresleu ao pensar que foi minha intenção “sugerir que boa parte dos que pensam o contrário se limitam a seguir o rebanho”. O que eu disse, e quanto a mim está bem explícito, foi que muita gente preferirá concordar com este ou com aquele crítico a pensar pela sua própria cabeça. Este é um problema extensível a outros domínios. Sabemos bem da influência dos “peritos” e dos “especialistas” nas sociedades onde o sentido crítico foi substituído por tendências completamente acéfalas e seguidistas. Não tenho nada contra “peritos” e “especialistas”, mas recuso-me a pensar pela cabeça deles. Ir no rebanho é prescindir do espírito crítico, adoptando - por interesse, conforto ou preguiça - as opiniões dos outros sem sequer as colocar em causa. Deixe-me dizer-lhe que sei de muito boa gente que admira muito a poesia de Herberto Helder sem nunca lhe ter lido um livro inteiro. Eu acho que lhe li tudo o que está publicado.
- é-me indiferente que chamem reportagem ou artigo ao seu texto. Eu chamo-lhe artigo, partindo do princípio que todos os artigos estão mais ou menos contaminados pela opinião de quem os escreve. Por isso mesmo são discutíveis, algo que considero deveras positivo.
- também não percebi a acusação que lhe fizeram de paternalismo.
- de facto, li mal o que escreveu quanto aos critérios adoptados. Assumo o erro. Mas quero também reforçar que terem sido aqueles os autores mencionados e não outros não me afecta minimamente. Na sequência da pergunta colocada pelo Luís Filipe Cristóvão, limitei-me a referir mais um conjunto de autores que respeitam o critério por si adoptado. As suas escolhas foram aquelas. São legítimas, são discutíveis, poderiam ser outras, poderiam ser aquelas e outras, poderiam ser algumas daquelas e outras, etc. Isso não é relevante, é apenas revelador do seu gosto. A única coisa, como já referi, que me parece criticável é o destaque desmesurado dado à revista “Criatura”. Não o digo de ânimo leve, pois respeito muito, por várias razões que não interessa expor aqui, o trabalho levado a cabo pelos directores da revista em causa. Percebo o destaque no sentido de justificar um artigo sobre uma putativa nova geração de poetas portugueses. Tudo bem. Não vem mal ao mundo por isso. A revista terá sido um pretexto para algo mais desenvolvido. Ok. Mas como disse a Inês Lourenço lá mais para baixo, ainda é muito cedo para se falar de novas gerações. Vamos com 8 anos no séc. XXI. Se no final do século, viermos a ter 1 poeta da dimensão de um Pessoa, de um Jorge de Sena, de um O’Neill ou de um Ruy Belo, já não foi mau… para a poesia portuguesa, cuja importância no mundo, como sabemos, é praticamente nula.
pessoalmente tb considero o Jose Luis Peixoto mt fraquito enquanto poeta. aliás, aquilo nem é poesia, parecem excertos que ele nao quer dos romances e corta em verso.
estranho ter ganho recentemente um grande premio de poesia com aquilo...
ou talvez nao o seja...
é que o que interessa neste mundo é só uma coisa:
o dinheiro.
Só mais um ponto que me escapou. Caro Luís Miguel Queirós, eu não tenho o propósito de marcar a diferença relativamente a nada nem a ninguém. Eu simplesmente parto do princípio de que sou diferente, dou a cara por isso e não me incomoda minimamente sê-lo. Mas repare: assim como eu sou diferente do Luís, o Luís é diferente de mim. Não é preciso fazermos da diferença uma intenção. Quando tal acontece, a diferença torna-se, curiosamente, repetitiva… Algo que também se vai notando em alguma da mais recente poesia portuguesa.
Tenho dúvidas sobre a inclusão de Luís Miguel Nava,(1957-1995) que conheci pessoalmente e muito admiro, nos anos 80.
O seu livro de estreia, "Películas" foi publicado em 79, a que se seguiu "O Céu sob as Entranhas", no mesmo ano.
Com tal justificação, não foi "incluído numa antologia dos anos 80, das ed. Quasi, intitulada "Desfocados pelo Vento" (2004), da autoria de valter hugo mãe.
Será pois um poeta que "eclode" no final dos anos 70.
Arrumamos gerações por décadas, por razões operatórias.Mas, a "realidade" é outra.
I.
se existe uma geracao de poetas do seculo XXI?
existe.
agora interessara saber se para usar o termo "geracao de poetas" e preciso encontrar algum fio condutor ao longo do que eles fazem...
Talvez não valha muito a pena continuar a inventariar pequenas tresleituras mútuas. Por exemplo, eu nunca disse que HF tinha o propósito de marcar a diferença. Sugeri apenas que, em matéria de puras declarações de gosto (se passarmos à fundamentação dele, pode já não ser bem assim), acusar alguém de seguidismo tende a ser uma acusação tão inverificável como a de acusar alguém de querer ser diferente “à outrance”. Sobretudo se não conhecemos bem a pessoa em causa. Quis só salientar, portanto, a minha convicção de que pode não ser impossível discutir estas coisas sem generalizar nem avançar juízos de intenção.
Mas o que motivou a minha reincidência na sua caixa de comentários (ainda antes dos prometidos comentários sobre a questão dos críticos), foi o desejo de corrigir uma imprecisão de Logros, que, se bem percebi o que o HF escreveu, será a Inês Lourenço, uma autora que estimo e a quem aproveito para deixar aqui um abraço.
“O Céu Sob as Entranhas” não foi publicado em 1979, mas sim em 1989. Talvez esteja a confundi-lo com “A Inércia da Deserção”, mas mesmo esse é de 1981. “Películas” saiu, de facto, em 1979, embora tenha ganho o prémio de revelação SEC/APE no ano anterior. Por acaso, até tenho um livro de Nava de 1974, uma obra adolescente que o autor sensatamente rejeitou, mas mesmo considerando, como devemos considerar, que a sua obra de estreia é “Películas”, parece-me não fazer qualquer sentido arrumá-lo nos anos 70. E isto não é sequer uma crítica aos critérios da antologia que refere. Para esse efeito, decidir que só entram poetas cujo primeiro livro foi já publicado nos anos 80 é um critério tão defensável como outro qualquer. Como seria defensável, numa antologia da poesia portuguesa dos anos 80, incluir Sophia de Mello Breyner Andresen ou Eugénio de Andrade, que escreveram, ambos, alguns dos mais notáveis poemas portugueses dessa década.
Parece-me que se rasurássemos a obra de Nava, o buraco que essa omissão deixaria na poesia dos anos 70 seria muito menor do que a cratera que essa mesma ausência deixaria na dos anos 80. Mas é claro que este critério também levanta dificuldades. São fronteiras sempre um tanto arbitrárias e difíceis de estabelecer. O mais sensato, se se faz uma antologia, ou se se escreve sobre a poesia de uma determinada década, ainda será, acho eu, estabelecer uma regra e, depois, abrir as excepções que o bom senso recomende.
Ainda bem que o post do Pisca de Gente é visto como um assunto marginal. Mau era se fosse de outro modo. A poesia é, geralmente, um assunto marginal. O que incomoda as pessoas são as próprias pessoas: sobretudo quem escreve poemas e ambiciona reconhecimento pelo que escreve.
O resto, A Poesia, não existe. Existem poemas. Existem poetas. E existe o mercado literário.
Ora, o artigo do Luís M Queirós mostra bem que o mercado é o que é porque a poesia não interessa ao grande público. Ou então é o grande público que não interessa à poesia que ambiciona o estatuto da criação. Algo desde sempre marginal, aqui ou noutro lado qualquer.
Criar é algo que implica leitura, reflexão, ousadia e alguma arte. O que é que nos nomes enunciados por LMQ há de novo? Nem ele o diz nem ninguém é capaz de dizer, porque não há nada de novo. São, todos eles, pastiches de autores dos anos 60, 70 e 80. Já alguns dos poetas que surgiram nos anos 90 e em 2000 trouxeram novidade à poesia portuguesa. Desde logo a afinidade com a prosa e o afastamento do irracionalismo. Depois, o ser um discurso que parte do vivido para comentar o presente, mesmo sendo um presente filtrado pelo literário (por exemplo Ana Paula Inácio ou Rui Pires Cabral), pelas regras da retórica e pelas intertextualidades (nalguns há um claro gosto pelas citações. Por exemplo, em Jorge Gomes Miranda, José Miguel Silva, Manuel de Freitas e Pedro Mexia). Depois os temos e o lado por onde olham para o que os rodeia. Algo que, embora raramente dito, coloca a poesia portuguesa a par da melhor que se escreve em inglês (americano ou das terras monárquicas) e castelhano.
Olhando para Jonas e afins o que se vê? Reiterações de HH, António Ramos Rosa ou Al Berto. Ou seja, nada de particularmente estimulante.
Quanto aos anos 80, veja-se Adília Lopes, Fernado Luís, Fernando Pinto do Amaral ou José António Almeida. Muito melhor do que essa listagem tão portuguesa de agradar a gregos e troianos, ainda que sempre com piscadelas de olho a certas figuras.
Uma palavrinha ainda para a crítica. Quer Manuel de Freitas, quer Pedro Mexia, foram apurando o seu gosto e as suas leituras. Um e outro com cedências que felizmente não se notam nos seus poemas. Recordemos os artigos entusiásticos de Manuel de Freitas sobre Valter Hugo Mãe ou os de Pedro Mexia sobre Nuno Júdice e afins. Mas, em tirando isso, sempre foram melhores leitores do novo do que António Guerreiro ou do que os do eixo Coimbra-Braga. E sobre Joaquim Manuel Magalhães só se pode dizer que, com excepção de uns quantos artigos no Actual, sempre revelou uma grande lucidez.
Coisas, é certo, todas elas altamente marginais, porque apenas interessam a meia dúzia de leitores que, mais do que podiuns e elencos, gostam de ler.
Por último, LMQ não é ingénuo no seu artigo. Quis marcar uma posição, não tanto sobre os mais novos (embora o seu eclectismo o tenha feito cair em exageros), mas sobre os poetas imediatamente anteriores em termos de publicação. E sobre isso, pelo silêncio, só podemos estar gratos. Todos concordam que os nomes avançados por LMQ são os melhores. Nós não estamos completamente de acordo (a nossa lista está um pouco mais acima), mas comentá-la-emos se se afigurar necessário.
Luís Miguel, Henrique,
explico o que para mim sobra: paternalista por assumir uma posição de superioridade relativamente aos leitores. Concordará, LMQ, que escreveu aquele pequeno trecho com um alvo muito concreto em mente — os tais «meios culturais do país». E o problema é esse: afasta-se o leitor comum. Trata-se, aliás, e uma vez que aqui estamos discorrendo sobre o assunto, de uma das falhas do Ípsilon, assim como dos demais suplementos e publicações culturais. Dialogam entre eles, criam pequenos círculos, fecham-se. E os velhos morrem; e os novos não conseguem entrar e permitem-se optar pelo arrivismo mediático que nos deixa a todos descalços.
É isto: o respeito mútuo entre o jornal e o leitor.
De resto, fico contente pela discussão alargada, que aqui já se conseguiu produzir (do que me é anterior, que esta minha interrupção tem que ver com uma outra alínea do discurso e das relações de poder; não é da ordem da poesia).
Luís Miguel,
Tenho na mão "O Cèu sob as Entranhas", da Limiar, efectivamente de Nov. de 89. Mas sabe quem me induziu em erro? O "Dicionário da Literatura Portuguesa" de Álvaro Manuel Machado, que tem lá essa data na bibliografia do autor, e cuja entrada o recenseia efectivamente como revelado nos anos 70. Enfim,critérios e gralhas que me levaram em romagem aos "luíses" da minha estante procurar os livros do Nava.
Obrigada pelas suas palavras.
Gostei de ler o comentário de "Pisca", que não é nada "pisca", antes pelo contrário.Upa upa...Muito aprecio todos os poetas que nomeia e leio os "sem qualidades", desde o ínício, muito antes de serem badalados.Até acho que o LMQ, segundo o que escreveu, também está de acordo.
Não percebo por que, afinal,tão competente e actualizado como parece, (sem ironia)nos caminhos da poesia, em geral (hmmm, até fala no eixo Braga-Coimbra, rsrsrs) andou a fazer de "lobo mau"...
Foi bom chamar à capa de um suplemento, nomes de gente que se propõe escrever (tendo lido os que os antecederam) essa coisa inútil,monetariamente imprestável e marginal (como diz) a que se chamam poemas.
E por que não eleger, devidamente contextualizada, uma revista de poesia, aparentemente modesta e principiante, sem pirotecnias ilustradas XL?
Um abraço a todos. Também para o Henrique.
I. L.
Olá, estava procurando sobre Natalia Correia e encontrei algo em seu blog, adorei o conteúdo!
Parabéns!
Abraço,
Ana Matias.
Muito bem, Hugo, agora já percebi. Aquilo de que me acusa é, portanto, de não ter sido paternalista. Ou seja, de não ter condescendentemente presumido que os leitores do Ípsilon não fazem a menor ideia de quem sejam os poetas portugueses mais relevantes dos anos 60.
Mas, já agora, permita-me que lhe chame a atenção para um pequeno vício lógico no seu argumentário. Se pressupõe que esse seu um tanto abstracto leitor comum não conhece os poetas dos anos 60, e que os respectivos nomes não lhe dizem nada - já que, se os conhecesse, estaria em condições de avançar palpites, tal como o Hugo fez -, então eu estarei a prestar-lhe mais informação ao referir "um poeta importante" (coisa que mesmo esse seu leitor fará uma ideia do que possa ser)do que o faria se indicasse "o poeta x", que para ele seria um ilustre desconhecido.
Se tivesse sido por este motivo que omiti o nome - e, evidentemente, não foi -, eu teria, de facto, sido paternalista, e o Hugo, afinal, teria empregado a palavra com propriedade.
Quanto à tese central do seu post, não duvido de que, nos jornais como em todo o lado, haja esquemas fechados de elogio mútuo e fenómenos semelhantes. Mas de uma coisa pode ter a certeza: se há tendência que a generalidade dos jornais portugueses, já para não falar das televisões, vêm demonstrando, é um fervoroso desejo de se aproximarem o mais possível desse seu leitor comum.
Eu moro no Porto, onde um ex-vereador da Cultura até chegou a teorizar a coisa, mas no domínio da "animação cultural". O que é preciso, dizia ele, é privilegiar o gosto médio. Muito democrático. Trata-se de dar às pessoas o que elas já conhecem e aquilo de que já sabemos (ou presumimos) que gostam. É uma prática corrente nos mais diversos domínios. E o mínimo que se pode dizer é que os resultados estão à vista.
Como sou um bocado info-excluído e ainda não percebi como é que posso enviar um novo comentário sem voltar a registar-me, aproveito este para um brevíssimo comentário ao novo post de Pisca. Enfim, não ao post, mas só a um juízo de intenção que me faz no final. Estou de acordo, aliás, com muito do que diz no post, e as afirmações que não subscrevo davam uma discussão interessante, mas não quero arriscar-me a contribuir para comprometer o seu estatuto de assunto marginal.
A frase que me interessa é esta:
"Por último, LMQ não é ingénuo no seu artigo. Quis marcar uma posição, não tanto sobre os mais novos (embora o seu eclectismo o tenha feito cair em exageros), mas sobre os poetas imediatamente anteriores em termos de publicação. E sobre isso, pelo silêncio, só podemos estar gratos.".
O que Pisca está a dizer, se eu o percebo, é que resolvi inventar uma coisa sobre novíssimos para poder dizer quem são os poetas anteriores a eles que me interessam mais. Não lhe parece um bocadinho rebuscado? De resto, estou farto de dizer publicamente quem são os poetas que me interessam mais, entre os surgidos nesse período.
Por outro lado, e receando estar agora a incorrer numa tresleitura radical, confesso que aquele "podemos estar gratos", no contexto em que aparece, soa um bocadinho a um lapsus linguae nada freudiano. Dar-se-á o caso de Pisca integrar o conjunto de poetas dos anos 90 que gratamente me acusa de ter silenciado?
Se assim for, troco um juízo de intenção por outro: Talvez, afinal, não se trate tanto das inconfessáveis motivações do meu texto, mas, antes, daquilo que nesse texto lhe poderia interessar a ele, Pisca.
Já agora, aproveito ainda os nomes citados por Pisca para dizer que teria sido perfeitamente plausível citar Ana Paula Inácio, de cuja poesia gosto muito. Principalmente das coisas que vem publicando na Telhados de Vidro, embora também goste de vários poemas que publicou nos seus livros. Simplesmente, achei que os nomes que referi eram aqueles com os quais fazia mais sentido confrontar esta eventual nova geração, em parte, aliás, por razões que o próprio Pisca aduz no seu texto ao comentar o que a poesia dos anos 90 trouxe de novo. Se já não me parece que tenha sido especialmente exaustivo nos nomes que citei da "novíssima" geração - e era dela, pese embora a Pisca, que tratava o artigo -, menos se compreenderia que o fosse em relação à anterior. Mas há um outro nome que Pisca cita e que eu lamento não ter referido, porque há um momento do texto em que se justificava que o fizesse. Quando defendo que nenhum destes poetas mais novos publicou uma obra de estreia que possa comparar-se a "O Sino de Areia", de José Miguel Silva, viria absolutamente a propósito acrescentar outro notável primeiro livro, que é "O Que nos Protege", de Jorge Gomes Miranda.
Finalmente, e desculpe lá por, afinal, estar a comentar o seu post: Não acha um bocadinho pidesca essa coisa de andar a escavar nos arquivos para ver de quem é que Mexia e Freitas disseram bem nas suas "early critics". Eu não faço ideia se Mexia, hoje, aprecia ou não Nuno Júdice. O que posso dizer é que eu gosto de alguns livros dele e doutros não. Portanto, se ao longo do tempo, tivesse andado a escrever críticas nos jornais sobre livros de Nuno Júdice, teria dito melhor de uns e pior de outros. Isto para já não dizer que o que me pareceria preocupante é que o gosto de Mexia e de Freitas, como o meu ou de qualquer outra pessoa, não se fosse alterando.
Luís Miguel,
pode realmente ver as coisas por aí. Mas é por isso que ainda não nos entendemos sobre o paternalismo. Quando diz que não é condescendente com os leitores do Ípsilon, assumindo que fazem ideia de quem são os poetas portugueses mais relevantes dos anos 60, refere-se exactamente a que leitores? Conheço gente que o segue, lendo o que lá escreve sobre cinema, mas que não são leitores de poesia. Ou não são ainda. Fazemos futurologia? Não. Adivinhamos: imagine que pegou num desses leitores (os seus, não do Ípsilon) e o deixou curioso sobre essa nova poesia de que fala. Não é um leitor válido? Mas esse não pode meter-se em conjecturas, não sabe; é só normal que não saiba. E é da função dos jornais informar. Caso contrário, diz-me que anda a escrever sobre o que os seus leitores já sabem, já conhecem?
Depois, confunde o meu «leitor comum» com o leitor acéfalo, artisticamente desinformado e, portanto, inválido para este nosso debate. Note que não peço que se baixe o nível intelectual do caderno. Mas, quer parecer-me, não consegue vislumbrar um despretensioso leitor, um simples interessado pelas artes que delas não faça vida (profissional ou outra), um leitor que vai lendo, ouvindo, vendo, e que não dispõe de todas as ferramentas para descortinar cada jogo de interesses, cada sugestão encoberta, cada piada interna do meio. Se preferir, posso trocar o paternalismo pelo elitismo. E aí estaríamos a julgar apenas pela forma como são apresentados os conteúdos, que nestes não me choca nada que se entre bem pelo elitismo adentro. Desde que seja inteligível a todos.
Ambos saberemos, com certeza, que, elitismo por elitismo, a redacção de um texto com vários planos de leitura resulta, no fim de contas, em mais do que um, que é lido diversamente por uns e por outros, sem que ninguém se sinta traído -- como me senti eu pela sua tirada. Confesso: detesto quando me fazem algo como «eu sei e tu não sabes, mas também não vou dizer-te». Bem, serão opções, estilos, não é? O que fazer? Debito-lhe a minha visão das coisas, mais nada.
Percebo onde pretende chegar com o exemplo portuense. Também cá moro. Mas, volto a frisar, isto e aquilo não são o mesmo. Entendo que só conseguiremos afastar essa força da média (que puxa para baixo) pela construção de uma sociedade intelectualmente estimulada. Não podemos responder ao desinteresse das gentes por nós (que sabemos conjecturar) com desinteresse por elas. Seria um acto mesquinho e, a médio prazo, fatal. Deveríamos chamar mais pessoas para o nosso lado (pensante? interessado.) e não mantê-las afastadas. Digo eu -- não concorda?
E o que será um artista submergente ?
Caro Hugo,
Não sei se ainda lerá este comentário, uma vez que já há um novo post sobre o mesmo assunto. Só para dizer que poderia subscrever esta sua frase: detesto quando me fazem algo como «eu sei e tu não sabes, mas também não vou dizer-te». Percebendo agora que a sua irritação tem a ver com isto, só posso dar-lhe razão.
Talvez não devesse, de facto, ter incluído aquela passagem. Acontece que era um dado concreto, que me pareceu significativo, e que não dispunha de informações semelhantes em relação a livros recentes de outros autores relevantes. Foi só por isso que a incluí.
Quanto à conversa do elitismo, do gosto médio, etc., se mora cá no Porto, mais vale um dia destes tomarmos um café e discutirmos o assunto. Se passar perto do Público (Rua João de Barros, 265), teria muito gosto em o conhecer pessoalmente.
Um abraço,
Miguel
(Desculpe acrescentar um P.S. que não tem nada a ver consigo. No meu último comentário, escrito a horas bastantes avançadas, usei, interrogativa e metaforicamente, mas, ainda assim, precipitadamente, o termo "pidesco". Onde se lê "pidesco", leia-se, por favor, "de gosto duvidoso".)
Luís Miguel,
não passo muitas vezes perto do Público. Mas como já prometi cafés à Ana Cristina e a uma outra amiga que agora aí estagia, acrescentando o seu, talvez me obrigue, um destes dias, a voltar a apanhar o 207.
Caro LMQ
O uso da 1ª pessoa do plural referia-se retórica e provocatoriamente aos que lêem o Insónia. No entanto, se o entendeu doutro modo, lá saberá porquê.
Quanto ao "pidesco", a gente, embora pisca, percebeu, pelo adiantado da hora.
E já que estamos nesta amena cavaqueira, diga-nos, por que, gostando tanto desses artigos sobre "novíssimos", não opina regularmente sobre os livros que eles vão publicando? Se não de todos, pelos menos daqueles que mais lhe agradam?
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