DA ESCRITA DE UM POEMA EM PROSA
Quando se pensa em escrever um poema em prosa é mais que natural pensar-se em suicídio; pensar em alguém que esteja finalmente exposto ao Deus das coisas, que possa ameaçar com voz de trovão – é assim que eu imagino – lá de cima, deste cabo da minha coisa agora vou dar cabo da tua coisa.
E então escrevo, mas Alteza, a minha coisa já está arruinada…
Nesse caso vou reconstruí-la e dar cabo dela outra vez!
Mas eu sou a tua coisa…
Então darei cabo da minha coisa o que dará cabo da tua coisa, diz a voz de trovão.
Mas, Alteza, que sentido é que isso faz, eu já fiz o teu trabalho.
O meu trabalho, ameaça o Deus das coisas, é o meu trabalho e não o teu. E, por fazeres o meu trabalho antes de ser esse o meu desejo, tenho que dar cabo do meu trabalho para provar que sou eu quem dá cabo das minhas coisas.
E assim um poema em prosa é escrito…
Tradução de Guilherme Mendonça.
E então escrevo, mas Alteza, a minha coisa já está arruinada…
Nesse caso vou reconstruí-la e dar cabo dela outra vez!
Mas eu sou a tua coisa…
Então darei cabo da minha coisa o que dará cabo da tua coisa, diz a voz de trovão.
Mas, Alteza, que sentido é que isso faz, eu já fiz o teu trabalho.
O meu trabalho, ameaça o Deus das coisas, é o meu trabalho e não o teu. E, por fazeres o meu trabalho antes de ser esse o meu desejo, tenho que dar cabo do meu trabalho para provar que sou eu quem dá cabo das minhas coisas.
E assim um poema em prosa é escrito…
Tradução de Guilherme Mendonça.
Russell Edson nasceu em 1935 no Connecticut, EUA. Autor de várias obras de ficção e peças de teatro, é considerado um dos grandes mestres do poema em prosa. Data de 1951 o seu primeiro trabalho publicado: Ceremonies in Bachelor Space. O poema aqui reproduzido foi retirado da colectânea O Espelho Atormentado (OVNI, Janeiro de 2008).
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