22.10.08

O MAIS IMPORTANTE NÃO É O MELHOR #1

O segundo inquirido pelo OLAM foi Luís Mourão, autor do weblog Manchas. Respostas curtas para explicações elípticas. Segundo o ensaísta, “Na tua face”, de Vergílio Ferreira, é o melhor livro de ficção portuguesa do século XX. Li, mas do mesmo autor prefiro o talvez mais consensual “Para Sempre”. Vale a pena recordar as palavras de Frederico Lourenço nas respostas ao mesmo inquérito: «Li muitas páginas de romances de Agustina Bessa-Luís com o entusiasmo arrebatado que nunca me suscitaram as leituras de Vergílio Ferreira (autor imensamente sobrevalorizado)». Já na poesia, Pessoa volta a marcar pontos com o heterónimo Álvaro de Campos. Todos os leitores de Pessoa têm um heterónimo preferido. O meu também é Álvaro de Campos. E Bernardo Soares, claro, se o considerarmos um heterónimo. Quanto à última questão, a tal, a resposta de Mourão parece-me algo evasiva: «Dizer do “melhor” faz-nos deslizar para o campo do subjectivo e do afectivo sem que sintamos que com isso cometemos qualquer crime “teórico”. Dizer do mais importante implica trabalhar no cânone. A esta distância, não acho que se consiga apontar “o mais importante”, mas apenas obras muito importantes em diferentes períodos (em que por acaso se incluem as duas que elegi como melhores)». Lá está o cânone, essa coisa determinada por não sei quem a partir de não sei que objectivos fundamentos.

5 Comments:

At 10:04 da tarde, Blogger manuel a. domingos said...

o cânone que se lixe!

 
At 10:10 da tarde, Blogger hmbf said...

O cânone é fixe. Serve para lhe dizermos que se lixe.

 
At 4:10 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Hoje o questionado é Nuno Júdice. Das suas respostas concluimos que os melhores livros levam dedicatória enquanto que os mais importantes não.
Aliás, o mais importante livro de banalidades será certamente um com dedicatória de NJ.

 
At 12:16 da manhã, Blogger Logros said...

Já leram ou consultaram "O Cânone Ocidental" de Harold Bloom, onde ele, não por acaso, inclui Pessoa?

Bem se pode mandar lixar o "cânone", mas ele vai existindo,inevitavelmente, desde Homero.Claro que implica escolhas subjectivas. Lá dizia o Roland Barthes que "a objectividade é um mito".

Por acaso, embirro solenemente com estas eleições tipo "Champions League", do "melhor", do "mais importante"...

Há gente que parece que não nasceu depois de um senhor chamado Albert Einstein, que demonstrou uma coisa chamada "relatividade" (de tempo, de lugar, de perspectiva, etc)

Literatura Canónica: os sonetos de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Literatura não-canónica: as anedotas que lhe são atribuidas.

Dos 2 "legados", qual teve maior circulação? Em termos de recepção qual o mais "importante"?

 
At 9:25 da manhã, Blogger hmbf said...

«Por acaso, embirro solenemente com estas eleições tipo "Champions League", do "melhor", do "mais importante"...»


Eu também.

 

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