DIA 56
Os gigantes eram filhos dos seres celestes com as raparigas da Terra. Arrependido de nos ter criado, Deus voltou-se para Noé, homem justo e honesto, e ordenou-lhe que construísse uma arca de boa madeira resinosa, com betume por dentro e por fora, de cento e cinquenta metros de comprimento, vinte e cinco metros de largura e quinze metros de altura. Foi quanto bastou para que a humanidade pudesse continuar a crescer. Porém, ainda que Noé fosse justo, os genes corruptos de Adão permaneciam nas células do pai de Sem, Cam e Jafet. Depois do arrependimento, o segundo erro de Deus foi não ter acabado com Noé e a sua descendência. Antes tivesse deixado na arca apenas as aves, os quadrúpedes e os outros animais. Talvez Deus tenha pensado nessa possibilidade. Talvez tenha pensado, como eu agora, que era preciso alguém para abrir a porta da arca após o dilúvio. Mas se foi o Senhor quem fechou a porta, não poderia ter sido também ele a abri-la quando a arca poisou nas montanhas de Ararat? Na primeira criação do mundo Deus foi imprevidente. Na segunda terá sido preguiçoso. Que se poderia esperar de uma humanidade assim nascida? Que nem soubesse por onde começar em solarengas manhãs de quase primavera.
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