28.3.06

MANHÃ

As estátuas sem mim não podem mover os braços
Minhas antigas namoradas sem mim não podem amar seus maridos
Muitos versos sem mim não poderão existir.

É inútil deter as aparições da musa
É difícil não amar a vida
Mesmo quando explorado pelos outros homens
É absurdo achar mais realidade na lei que nas estrelas
Sou poeta irrevogavelmente.

Murilo Mendes

Murilo Mendes nasceu no dia 13 de Maio de 1901, em Juiz Fora, Minas Gerais. Foi arquivista no Ministério da Fazenda e funcionário do Banco Mercantil. Nesse período, publicou poemas em revistas modernistas. O seu primeiro livro, Poemas, apareceu em 1930. Em 1934 Murilo Mendes converteu-se ao catolicismo. Tuberculoso, foi internado num sanatório na região de Petrópolis. Cumpre missão cultural na Europa, proferindo diversas conferências e mudando-se para a Itália em 1957, onde se torna professor de Cultura Brasileira na Universidade de Roma. Em 1972, recebeu o prémio internacional de poesia Etna-Taormina. Morreu em Lisboa, no dia 13 de Agosto de 1975.