20.9.07

jackpot.4



Era dia de jogo e o grunhol atrás de mim nas vias, estranjei-me para dentro do casino. Uma serafina, de juba branco-charme e ar digníssimo, puxava da maçaneta enquanto o verdejano engolia as moedas e girava a fruta. Eu a começar a ter uma vida digna quando o milagre aconteceu e a reboreda incendiou ao pressentimento do zabrolho. Ribalta. Extrema-unção. Levantei-lhe a banqueta e a dona estremunhou de postiça na vidraça, quando o verdejano vomitava mais de mil moedas. Como tinha as duas mãos livres e a enxárcia vai de controlo remoto como coelho em arrebol, estranjei-lhe as redondas prós bolsos profilácticos da providência, que se
deus existe o problema é dele e eu até aprecio bastante que os meus vizinhos se interessem por botânica e a calcificação dos ossos do estorninho.

Depois lembrei-me de um truque que aprendi no bairro e que consiste em desatarraxar a lâmpada mais próxima e tocar no ferro, que é para electrificar o osso do tesundo. Hesitei por momentos, indeciso quanto à necessidade de recitar um poema, e foi quando a juba da leona se pôs de pé como se fosse natal e a amizade reinasse no mundo e nas festas de espuma lá do bairro. E ela e eu estremecemos com tal sinceridade que o verdejano vomitou mais uma moeda, a última, que prontamente enfiei no rendeiro da minha doce amiga, e lhe fez saltar a postiça.

Alcides

1 Comments:

At 5:31 da tarde, Blogger MJLF said...

olha, o Alcides também está de volta!
Maria João

 

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