26.6.05

NAVEGADOR

Embala-me no batel das estrelas!
Cansam-me a cabeça as vagas!

Há muito quero acostar – cansam-me
A cabeça os sentimentos:

Hinos – louros –heróis –hidras –
Cansam-me a cabeça os jogos!

Deita-me entre ervas, carumas –
Cansam-me a cabeça as guerras…

12 de Junho de 1923
Marina Tsvetáeva nasceu a 6 de Setembro de 1892 em Moscovo. Em 1910 editou o seu primeiro livro de poesias, Álbum Nocturno, e em 1912 o segundo, Lanterna Mágica. Depois, até 1922, as suas poesias só saíam em publicações periódicas. Em 1922 emigrou para o estrangeiro, onde viveu durante dezassete anos (Boémia, Alemanha, França). De 1922 a 1928, foram editados vários livros seus de poesia, tanto na Rússia como no estrangeiro; além disso, iam sendo editadas, em publicações periódicas, as suas peças teatrais em verso, autotraduções, traduções da poesia de Púchkin e de alguns poetas russos e alemães para língua francesa, e também as suas obras autobiográficas em prosa. Em 1939 voltou com o filho Gueórgui para a União Soviética, para se juntar ao marido e à filha (que tinham regressado em 1937) e para «dar uma pátria» ao filho (que nascera em 1925 no estrangeiro). Em Agosto de 1939, a filha e o marido de Tsvetáeva foram presos e condenados: a filha a 8 anos de trabalhos forçados, o marido à pena máxima (foi fuzilado em Outubro de 1941). Em Agosto de 1941, na altura da invasão nazi (II Guerra Mundial), Marina Tsvetáeva foi evacuada, juntamente com o filho, para a cidade de Elábuga, nas margens do rio Kama, e em 31 de Agosto de 1941 suicidou-se. O seu filho Gueórgui morreu na frente de combate em 1944.
In Depois da Rússia, 1922-1925, tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra, Relógio D'Água, Novembro de 2001.

3 Comments:

At 4:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

alguma razao especifica para a avalanche(excelent) d suicidas?mete m medo tendo em conta a tua alma(so t conheco plos blogs).

 
At 4:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Obrigado, amigo, nunca é demais dar Tsevetáeva. Sonhei escrever uma curta biografia dela que, por mais objectiva e fria que fosse, daria um poema trágico, sendo por isso a única hipótese que eu teria de passar por poeta. Não sei porquê, não consegui.

 
At 2:14 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Excelente, h. m.; e a Pozzi, que salvo erro foi traduzida, em poucos poemas pelo Sena e também por um poeta do Porto, o Albano Martins. E aquela foto lindérrima do Amstrong, tão negro de luz, a recordar o "wonderful world". Não chateiem o hm, que tanto me ajuda nas insónias. Se não fosse eu ter nascido naquela antiquíssima Grécia, bem gostava de ser aluna dele, com permissão do papá Zeus, que era um enorme perverso e pedófilo - o menino Ganimedes, que o diga -.
h. m. -posso tratar por tu? - deves ser um professor baril e até me fazes embarcar no teu jovem idealismo, eu que tenho milénios.
artémis

 

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